NENHUM FRIO É PARA SEMPRE...

Hoje de manhãzinha, a névoa fria encobria a cidade.

Os automóveis apenas se faziam enxergar pelos altos faróis que com esforço a desbravavam; e os termômetros gelidamente denunciavam os seis graus.

Pessoas encapotadas que circulavam pelas ruas, mal mostravam suas faces, e quantas delas, acredito, com o coração também encoberto a tiritar de frio...

Ouvia-se apenas o silêncio cochilando...

Mas, logo adiante, um maravilhoso contraste: Uma bola de fogo gigante, que parecia delineada a compasso, cremava as entranhas da noite,e imperava no horizonte da névoa, anunciando a antítese da natureza, que também permeia as esperanças das nossas vidas...

-Coragem, nenhum frio é para sempre...

A natureza é mãe, e como toda maternidade, é dotada de sabedoria...

Ninguém como ela sabe nos acalentar e nos aquecer na devida hora.

Aos poucos, a nevoa subia pelo vale, empurrada pelos braços do sol morno, que heroicamente conquistava seu espaço a encorajar a volta do conteúdo pálido e tranqüilo das cores e dos sons outonais.

Os passarinhos aos poucos ensaiavam os primeiros pios, e um Bem- Te- Vi ao longe, ainda encapotado, eterno maestro da orquestração matinal, cumprimentava as primeiras horas da cidade.

Assim ,uma sensação de conforto me trouxe até aqui, aonde

alegremente eu versejo a mágica da vida, que ao reciclar as estações,também a nós nos recicla, para que, qual os braços do sol, também esvaeçamos a nossa névoa, na busca por mornos caminhos...