MARTA SUPLICY: AUDÁCIA OU OPORTUNISMO ?

Leio a volta de Marta como colunista da Folha, o que já teria feito em anos passados. Sempre a admirei pela ousadia, desde a sua presença em programa de televisão trazendo temas então tabus para a mediocridade de então. Depois pela militância política no PT, partido execrado pela elite, da qual ela ( Marta) provem. Ainda como administradora da cidade de São Paulo, empreendedora e audaz, fazendo uma verdadeira revolução nos transportes, setor sempre crítico da megalópole, além da criação dos CEUS ( centros educacionais unificados) que trouxe qualidade de vida para as periferias de nossa imensa e atabalhoada cidade. De prefeita, a senadora, ministra de Lula ( Turismo) e de Dilma ( Cultura). Contudo, uma questão se levanta, incômoda. Ao abrir suas baterias, publicamente, expondo pontos de vista desabonadores contra o governo do qual faz parte, e do partido ao qual pertence, seria uma prova de sua Audácia ou oportunismo? Em miúdos, é como falar mal da casa onde se habita, da família a qual pertence, mas continuar habitando o teto e tendo parentesco com dos quais reclama... Em caso de parentela são indissolúveis os laços, podendo, todavia, se afastar da convivência. Na questão político partidária, fazer parte da artilharia pesada contra o governo e o partido, que deveria defender, não seria incoerência, ou, pior, oportunismo ? Oportunismo por ser um momento difícil na economia e na política. Na economia necessitada de ajustes que são sempre indigestos; na política como pressão no olho do furação da Operação Lava Jato, crucificando a nossa maior Empresa, a Petrobrás. Ou seja, está na trincheira e atira contra os companheiros, fortalecendo opositores com propósitos inconfessáveis ? Ora, se cogitam até do Impedimento da Presidenta, embora tenha se provado de que sequer tenha sido citada pela delação premiada. Será que não há foros internos de debates e de discussões, intramuros, onde os adversários não possam servir-se para dilatar as aleivosias disparadas contra o partido e o governo ? Oportunismo por querer, como já o fez em entrevistas para o Estadão, expor questões internas. No linguajar do vulgo "roupa suja lava-se em casa". Ao que parece, infelizmente, é que quer pretextos para deixar a sigla, direito dela, porém, pergunto, seria eleita senadora sem o PT ? Fica a questão. Erundina, figura de extraordinária reputação, jamais conseguiu retornar à prefeitura de São Paulo, embora tenha tentado por duas vezes, após deixar o partido. Luiza Helena, sequer retornou ao senado, é vereadora em Alagoas. Conquistar espaço político a fórceps pode não ser o melhor caminho...