Elas por Ela
Mulheres!
Todas nasceram no mesmo ano. São senhoras, hoje. Elas por ela: vidas distintas.
Cada qual fruto do meio cultural que as produziram. E que se deixaram produzir através de suas aceitações ou rejeições de caminhos que lhes fizeram à frente. Escolhas? Sortes? Determinações? Influências?
De que é feita a vida?
Duas se viram, supõem. Uma as viram sem ser vista por nenhuma das duas.
Frequentaram escolas formadoras de “moças de boas famílias”. Aprenderam boas maneiras, religiosidades (as três rejeitaram os ritos e suas hipocrisias) e aprenderam a serem mulheres como convinha ser.
Duas fizeram um ano universitário. Não prosseguiram porque a Arte as queriam como musas e produtoras de opiniões. A terceira chegou apenas ao primeiro ano de “Normalista”. Não queria ser professora e a família determinou:
- Estudar para quê? Moça tem é que fazer enxoval e casar. Tem que aprender “afazeres domésticos”. E assim ela fez cursos diversos em casas de matronas no bairro: culinária, doces e salgados para festa; bordado com linhas “varicor”; corte e costura, artesanal e empresarial. Chegou a ser aprovada em concurso de telefonia como atendente. Foi empregada e permaneceu na telefonia por um tempo até a chegada de chuvas, relâmpagos e trovoadas.
Desiludida com o namoro que a família não quis deixar largou tudo e assumiu a velha máquina de costura. Foi ser costureira. Começou costurando para a família, as vizinhas, o bairro e quase toda a cidade conheceu a sua fama de “mão cheia”.
Resignada ajudou a família nos apertos financeiros. Casou e foi ajudar o marido e os filhos. Até hoje permanece costurando até tantas da madrugada conforme lhes impõem a demanda da freguesia.
As outras duas mulheres são distintas destas paragens, tornaram-se celebridades.
Uma começou como garota propaganda e tornou-se a “Namoradinha do Brasil”. E ensinou à mulher brasileira a enfrentar os problemas da família moderna em seriado que fazia na emissora televisiva. Por demonstrar-se neurótica política anda sumida após sua declaração histérica em rede nacional:
- Eu tenho medo!
A outra foi logo se declarando como ovelha negra. Foi perseguida na ditadura militar. Arrombou a festa criticando a melodramática música popular brasileira. E hoje é mãe de todo roque brasileiro.
Estas três mulheres – a costureira do interior mineiro, a atriz e a roqueira – assim se fizeram com suas escolhas pessoais ou com aquilo que lhes impuseram. Vivem suas realidades em seus meios sociais. Elas por Ela, a vida!
Elas por Ela, a vida sendo vivida segue de geração a geração.
Parabéns a todas as mulheres por trazerem o novo através de suas histórias – sintam-se homenageadas através desta crônica.
Leonardo Lisbôa.
Barbacena, 27/07/2014.
ESCREVA PARA O AUTOR:
conversandocomoautor@gmail.com
Mulheres!
Todas nasceram no mesmo ano. São senhoras, hoje. Elas por ela: vidas distintas.
Cada qual fruto do meio cultural que as produziram. E que se deixaram produzir através de suas aceitações ou rejeições de caminhos que lhes fizeram à frente. Escolhas? Sortes? Determinações? Influências?
De que é feita a vida?
Duas se viram, supõem. Uma as viram sem ser vista por nenhuma das duas.
Frequentaram escolas formadoras de “moças de boas famílias”. Aprenderam boas maneiras, religiosidades (as três rejeitaram os ritos e suas hipocrisias) e aprenderam a serem mulheres como convinha ser.
Duas fizeram um ano universitário. Não prosseguiram porque a Arte as queriam como musas e produtoras de opiniões. A terceira chegou apenas ao primeiro ano de “Normalista”. Não queria ser professora e a família determinou:
- Estudar para quê? Moça tem é que fazer enxoval e casar. Tem que aprender “afazeres domésticos”. E assim ela fez cursos diversos em casas de matronas no bairro: culinária, doces e salgados para festa; bordado com linhas “varicor”; corte e costura, artesanal e empresarial. Chegou a ser aprovada em concurso de telefonia como atendente. Foi empregada e permaneceu na telefonia por um tempo até a chegada de chuvas, relâmpagos e trovoadas.
Desiludida com o namoro que a família não quis deixar largou tudo e assumiu a velha máquina de costura. Foi ser costureira. Começou costurando para a família, as vizinhas, o bairro e quase toda a cidade conheceu a sua fama de “mão cheia”.
Resignada ajudou a família nos apertos financeiros. Casou e foi ajudar o marido e os filhos. Até hoje permanece costurando até tantas da madrugada conforme lhes impõem a demanda da freguesia.
As outras duas mulheres são distintas destas paragens, tornaram-se celebridades.
Uma começou como garota propaganda e tornou-se a “Namoradinha do Brasil”. E ensinou à mulher brasileira a enfrentar os problemas da família moderna em seriado que fazia na emissora televisiva. Por demonstrar-se neurótica política anda sumida após sua declaração histérica em rede nacional:
- Eu tenho medo!
A outra foi logo se declarando como ovelha negra. Foi perseguida na ditadura militar. Arrombou a festa criticando a melodramática música popular brasileira. E hoje é mãe de todo roque brasileiro.
Estas três mulheres – a costureira do interior mineiro, a atriz e a roqueira – assim se fizeram com suas escolhas pessoais ou com aquilo que lhes impuseram. Vivem suas realidades em seus meios sociais. Elas por Ela, a vida!
Elas por Ela, a vida sendo vivida segue de geração a geração.
Parabéns a todas as mulheres por trazerem o novo através de suas histórias – sintam-se homenageadas através desta crônica.
Leonardo Lisbôa.
Barbacena, 27/07/2014.
ESCREVA PARA O AUTOR:
conversandocomoautor@gmail.com