Não curta este post!
 
Vamos fazer um teste de memória? Primeiro, como você veio parar neste site para ler este texto? Clicou diretamente no compartilhamento da autora ou de algum amigo em sua timeline no Facebook? Fácil esse teste, não é? Agora vamos para a fase mais difícil: liste mentalmente os cinco últimos posts que você leu e comentou. E que tal os cinco últimos em que você apenas apertou o botão de “curtir”?

Passamos demasiado tempo em redes sociais, especialmente o Facebook, lendo infinitamente postagens e mais postagens, curtindo sem nem mesmo refletir sobre o que estamos curtindo. Na próxima rolagem de mensagens no grande muro de lamentações digital, já não mais nos lembramos sobre o que acabamos de ler. Lemos as manchetes, as palavras-chave de um comentário, ou simplesmente nos contentamos em ver apenas as imagens que as acompanham. Escolhemos a dedo quais mensagens devem ser comentadas. Mas, curtir, nem tanto. Parece que precisamos marcar presença. E o curtir cai no vazio. Ele significa mais um: “ó, eu vi isso aqui” do que realmente um: “ó, gostei mesmo disso que, de fato, li”.

Tem gente que se aproveita da superficialidade da rede e tenta pregar umas peças interessantes. É o caso de chamadas para notícias supostamente mais curtidas, como a vida de celebridades ou questões mais eróticas. A pessoa clica e cai em um texto mais cabeça, tratando de assuntos que, talvez, fossem ignorados à primeira vista. Também houve uma enxurrada de postagens “modinha”, cujo teor era completamente nonsense, com informações no meio do texto sobre o suposto fato de que a pessoa ficava feito uma lesma se arrastando pelo chão da cozinha e tal. Era só para ver se as pessoas estavam lendo mesmo as postagens.

Tudo isso nos chama a atenção para o ritmo frenético em que estamos vivendo e a corrida no Facebook para darmos conta de ler mais atualizações que lotam nossos murais sem piedade.

E eu pergunto: para quê? Para quê curtir tanta coisa se nem vamos mais nos dar conta do que curtimos? Para que curtir se realmente não estamos a fim de curtir? Para que fingir que prestamos devida atenção às postagens? Apenas para o outro ver que estamos ali e que fingimos nos importar com o que ele escreve?

Então, para esta semana, decidi que vou fazer o que prego e vou curtir menos postagens. Não quer dizer que, às vezes, a opção curtir não seja a melhor. Muitas vezes ele sintetiza bastante o que gostaríamos de escrever: gostei! Mas, durante esta semana, pelo menos, se as postagens valerem a pena que eu aperte um simples botão para curtir, vou preferir deixar uma mensagem nos comentários. Vou dialogar mais com as pessoas que postarem o que eu julgar interessante. Não vou ter tempo para ler todas as postagens, acompanhar todas as pessoas, escrever muitíssimos comentários. Nunca teremos. Mas, acho que, se ao invés de apenas curtir, eu realmente dedicar tempo para ler e comentar, estarei pondo um freio nessa busca desenfreada por mais novidades, mais informação, mais coisa legal para curtir (só lendo o título) e esquecer no momento seguinte.

Vou deixar de ser um robô e ver o outro como uma mera postagem no mural da rede social e vou passar a olhar com mais calma quem é aquela pessoa que está ali, do outro lado. Vou tentar estreitar os laços, ainda que digitais.

Por isso, ao invés de apenas curtir esta postagem, sugiro que comente, compartilhe, dedique seu tempo para algo mais significativo do que apenas um “curtir”  que, no final das contas, talvez não diga muita coisa mesmo a respeito do quanto você curtiu o texto. E deixo o desafio para você fazer o mesmo. Curta menos e viva mais as possibilidades de diálogo com as pessoas reais que estão aí no seu mundo digital.
Solimar Silva
Enviado por Solimar Silva em 06/03/2015
Reeditado em 08/05/2020
Código do texto: T5159766
Classificação de conteúdo: seguro
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