Como Salvei um Poema
Quando, ainda muito jovem, meu filho Erick começou a estudar violão, e consequentemente tentar algumas composições, eu, a titulo de estímulo comecei a escrever algumas letras para que musicasse. Escrevi várias e todas elas foram musicadas satisfatoriamente por ele, que já demonstrava um talento bem acima da média. Uma das letras que escrevi ficou por muito tempo engavetada. O motivo é que citava muitas cores, parecia uma aquarela. O título inicial era O VERMELHO E O CINZA, mas além destas entravam outras, o que me pareceu exagero.
Muito tempo depois, me veio a ideia de mudar o título da letra, o que de fato aconteceu. O novo nome passou a ser O TEMPO, AS CORES E EU, e de repente, como mágica, tudo começou a fazer sentido, o novo título justificava a existência de tantas cores no texto. A letra ganhou uma bela melodia e até participou de um Festival Estudantil.
Embora já a haja postado aqui no Recanto, vou transcrevê-la, para comodidade dos leitores, e para exemplificar o que escrevi acima.
O TEMPO, AS CORES E EU
Jota Garcia
O vermelho do amanhecer
Vem me encontrar e me acender
Um fogo verde de esperança,
E um vento azul de mocidade
Me envolve em ondas de lembrança.
Mas o vermelho do sol posto,
Que a tarde traz por sua vez,
É mais real quando me aponta
As velhas rugas sem conta,
Trabalho que o tempo fez.
E logo um cinza indiferente
Nubla de vez o meu semblante.
A noite cai, apaga tudo,
Outra vez me sinto mudo,
Outro dia, quem me garante...?
A noite passa sem perceber
E o vermelho do amanhecer
Vem me encontrar e me acender
Um fogo verde de esperança...