UM PENSAMENTO MODERNO.
A dificuldade de conciliar interesses entre humanos levou a várias correntes do pensamento, antagônicos ou não. Em todos se buscava o bem coletivo, mesmo que para uma porção da humanidade como a pretensiosa “raça pura” hitleriana, fosse entendido que o rincão alemão, tedesco, era o vestíbulo para a grande arrancada que iria povoar o planeta de inteligências exclusivas.
Contrariamente, em termos de demografia, área territorial e reconhecimento, elementos dessa equação que formulo, o premio Nobel foi mais concedido a judeus, principalmente no reduzido território de Israel. Aqueles que eram lixo humano para o psicopata ditador Hitler, têm destaque nas conquistas do talento. E judeu não é raça,mas crença, embora insistam nessa qualificação, se assim podemos nominar, mero equívoco. Judeu nascido na França é francês, no Brasil é brasileiro, conheço alguns, nos EUA americano do norte, assim em diante.
O organicismo de Adam Smith foi sem dúvida a maior estética organicista dirigida para a harmonia coletiva como partilha de riquezas e bens. É considerado o economista que mais contribuiu para as práticas econômicas da atualidade
Cérebros eminentes assim entendiam, na Europa o inigualável Norberto Bobbio, na América Jhon Kenneth Galbraith, com contemporaneidade.
Afinaram linhas que se enfrentavam para erradicar a pobreza, tudo, porém, com a ojeriza de qualquer escravismo, perda das liberdades públicas, da liberdade como meio de realização.
Galbraith chegou a exaltar a tese de Marx, sob aspecto econômico, exclusivamente, destinada a igualar, nunca sob âmbito político, embora de difícil atingimento, impossível, logo que indissociáveis estes princípios norteadores das sociedades.
“A arte de ignorar os pobres,” escrito por James Kenneth Galbraith, filho do notável Jhon, em 2013, na Harper’s Magazine/Controvérsia, segue o caminho do pai, destacando: Como, ao longo dos tempos, os pensadores buscaram justificar a miséria e rejeitar qualquer política séria para sua erradicação, Plutarco afirmava que “o desequilíbrio entre ricos e pobres é a mais antiga e a mais fatal das doenças das repúblicas”. Os problemas que resultam dessa convivência continuam sendo atuais.
“A era da incerteza”, alentada obra de John Kenneth Galbraith, abriga em irônica perfeição, o momento que presenciamos no Brasil. Manifestações, protestos, pacíficos ou não, com tentativas por parte das autoridades, forradas de insuficiência, de darem respostas às “reivindicações” dos manifestantes. E responderam imprecisamente com a impossível “constituinte específica”, a reforma política inviável, por consulta binária em questões complexas, irrazoável e vedada em objetivos, por impossibilidade absoluta, e linhas dessa envergadura populista.
Uma sensação geral de insatisfação, flagrante, emerge da classe dita média (cuja classificação não se entende, pois situa renda de dois a três mil reais.. média?) por falta de sinceridade das autoridades, para pessoas desavisadas que creem no impossível e mais em frente se surpreendem com o que era óbvio para quem enxerga mesmo muito pouco.
E, para alguns resulta uma “oportunidade” de ruptura à esquerda ou à direita.
“A era da incerteza” define algumas condições indispensáveis a uma revolução política, que deve ser pacífica.
Existência de liderança, líderes decididos, sabendo onde pisam e o que querem. Destaque-se que não mais existe esse distanciamento de direita e esquerda, mas uma necessidade de caminharem todos na mesma direção, sabendo o que querem, o que é muito raro.
A supressão de liberdades é execrada por todos que pensam um pouco, Bobbio quis conciliar parâmetros impossíveis, ao menos lançou suas ideias, como Galbraith que dizia ser a falta de dinheiro, a maior falta de liberdade. Sonhou acabar com a pobreza. Creio ser sonho, e creio firmemente. Isso é impossível, ouça-se Gandhi na receita de harmonização de pobreza e riqueza: "Não posso antever, o dia em que nenhum homem será mais rico que o outro. Mas posso imaginar o dia em que os ricos rejeitarão enriquecer à custa dos pobres, e os pobres deixarão de invejar os ricos. Mesmo no mais perfeito mundo imaginável será difícil evitar desigualdades, mas podemos e devemos evitar conflitos e amarguras.” Ghandi. Quem pode dizer algo em contrário?
Sem condições de adquirir primeiras necessidades se perde a dignidade, razão maior da liberdade.
Norberto Bobbio, embora combatido pela democracia-cristã, é a ponte que liga de certa forma a meta do reconhecimento da dignidade humana nascida da oralidade do Cristo à materialidade do pensamento das doutrinas humanas restritivas, que até hoje não compreenderam ser somente pelo alcance do reconhecimento dessa dignidade humana pelos Estados, que se chegará ao bem comum.
O filósofo Bobbio, como Galbraith, tem o mérito de tentar nivelar camadas distintas, extraindo afinidades do confronto doutrinário entre o antagonismo da liberdade que respeita direitos individuais com a restrição absoluta dos mesmos, pregando o encontro que realiza direitos individuais comuns naturais.
"Cultura é equilíbrio intelectual, reflexão crítica, senso de discernimento, aborrecimento frente a qualquer simplificação, a qualquer maniqueísmo, a qualquer parcialidade". N. Bobbio
Bobbio colocou na mesma via a tradição liberal da defesa dos direitos de liberdade, de palavra, de imprensa, juntamente aos objetivos marxistas de proteção ao trabalho, direitos previdenciários, organização sindical e outros. Mas ambos ficaram distantes da segregação da liberdade, de qualquer cunho, econômico, político, religioso.