Salário digno

Tal qual meu pai,

telegrafista ferroviário

manipulava o telégrafo

pelo brilhante trabalho

fazendo tudo honestamente.

Mas, vergonhosamente o salário é mínimo(1)

e se os elogios de todos são hipócritas

prefiro o salário digno

com sublimidade da virtude

abandonando o orgulho, como o meu pai

que era chefe de estação ferroviária

e morreu sem deixar um alicate.

(1)O salário mínimo foi criado pelo ex-presidente Getúlio Vargas em 1940.

A poesia acima é uma alerta para os governos, sobretudo o Federal . Pois, com certeza, uma boa parte dos nossos intelectuais vivem politica e culturalmente esperando uma oportunidade para mamar nas tetas do governo. É muito fácil ficar em cima do muro e criticar. Onde estão aqueles que patrocinam o Clube Carnavalesco “O Galo da Madrugada”, que sai do Recife nos carnavais arrebanhando uma multidão incalculável? Por quê nunca se rebelaram contra qualquer desgoverno? Será que ninguém ainda não percebeu? É notório que os três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) há anos estão corrompidos e que os cidadãos estão reféns dos desmandos de quem deveria defender seus direitos. Um absurdo!

A presidenta Dilma Rousseff, reeleita, euforicamente demonstrou muito otimismo sobre as conseqüências das investigações da Polícia Federal na operação Lava Jato. A presidenta disse que a mudança seria no sentido de que vai acabar com a impunidade que vem acontecendo há muito tempo no país, ressaltando:“A questão da Petrobras é simbólica para o Brasil. Acho que é a primeira investigação efetiva sobre corrupção no Brasil que envolve segmentos privados e públicos”. Realmente é verdade, mas, ao meu ver após as investigações policiais, ela mostrará mais eficiência se for rápida na execução das penas cabíveis. Destaco ainda a relevância de se acelerar a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de número 300-A de 2008, que trata da unificação das polícias em todos estados do Brasil.

Enfim, termino esta crônica com a poesia intitulada “Olho na Inflação”:

A inflação sempre andou solta

Lembro do corte dos três zeros...

Assim, ficou cruzado novo

Mas, o confisco foi horrível e colorido.

Dizem que a corrupção anda solta

Que o conto de réis foi bom

E o cruzeiro antigo, também

E eu não tinha um vintém.

O povo fala na carestia

Os poderosos na hipocrisia

Só escritores podem sentir esse carnaval:

Pobreza, miséria... o “escambau”!

Porém, em função da inflação

O real o povo quer

E os ricos que diabo são?

*Escritor, poeta e teatrólogo pernambucano.

José Calvino
Enviado por José Calvino em 27/02/2015
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