Ilustração de abertura: Serelepe no Parque Estadual de Nova Baden (Lambari, MG)

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RECORDAÇÕES DE AGUINHAS (15) -
Menino mordido de serelepe

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SUMÁRIO


     - Apresentação
     - Menino mordido de serelepe
     - Ilustrações
     - Vocabulário de Aguinhas
     - Referências

     - Livro Menino-Serelepe
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Apresentação

No livro Menino-Serelepe eu conto a história de um passeio à Serra das Águas que fiz com meus pais, primos e tios para conhecer a Toca da Onça ("uma lascona escomunal de pedra encravada no barranco, num meio de mato fechado...").

Pois bem, o grande lance desse passeio foi uma mordida de serelepe, que de fato aconteceu comigo. Até hoje tenho a marca da dentada nas costas da mão direita.

Eis como o menino narra a história:

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Menino mordido de serelepe

Pois foi Piloto que, no meio da subida, na curva da
Ágüinha, mais primeiro viu o serelepe, pulando pra cá, pulando pra lá. Piloto latiu, correu, serelepe se escondeu. Nisso, um matuto, um porqueirinha de marca maior que por ali fazia caçada de passarinho, sacou de uma mijoleira e foi logo atirando, sem dó, o coitadinho. Pai zangou com ele, que não gostou, respondeu atravessado, se meteu num carreador e embrechou no mato. Mal o bichinho caiu no chão, voei em cima pra ver, e como criança tem olhos nos dedos, fui logo metendo a mão no serelepe, que se ferira de leve numa das patas e estava meio tonto. Serelepe num perguntou o que eu queria nem quis saber se eu era amigo ou inimigo e lascou os dentes nas costas da minha mão e ficou pendurado pela pinça da dentada. Pai chegou, me livrou do bichinho, que fugiu, e eu com dor e assustado com o sangue que escorria destampei na choradeira. Todomundo parou, mãe chegou correndo, gritando, mas pai, que era prevenido, sacou do bornal água oxigenada e mercurocromo, providenciou um curativo e a dor logo passou. Aí nos refrescamos na água clarinha que descia cantando chuá pela bica de embaúba, comemos amoras catadas à margem do caminho e, em seguida, continuamos subindo a serra. Pai, então, falou vamos tirar o pé de detrás, esticar o passo, que a Toca ‘stá longe, gente!

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Ilustrações
 



Em Monte Verde (MG), serelepes descem das árvores para apanhar nozes



Serelepe gigante na porta de uma loja em Monte Verde (MG)



O serelepe também é referência para diversas atividades turísticas em Gonçalves (MG)

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Vocabulário de Aguinhas

Carreador: Trilho, picada
Embrechar:  Meter; introduzir 
De marca maior: Fora do comum; que excede os limites vulgares
Mijoleira: Espingarda artesanal, feita de cano de ferro
Porqueira:  Pessoa desprezível, por ser turbulenta ou irresponsável
Todomundo: Todos

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Referências

Foto: Facebook/Parque Estadual de Nova Baden (aqui) e álbum pessoal do autor.

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Menino-Serelepe

 
(**) Esta narrativa faz parte do livro Menino-Serelepe - Um antigo menino levado contando vantagem, de Antônio Lobo Guimarães, pseudônimo com que Antônio Carlos Guimarães (Guima, de Aguinhas) assina a coletânea HISTÓRIAS DE ÁGUINHAS. V. o tópico Livros à Venda.