“Minha fabulosa Copa do mundo”

Começo esta, com um daqueles clichês icônicos que com certeza todos já devem ter ouvido falar um dia.

“... A cada quatro anos o mundo se renova...”.

(Autor desconhecido)

A cada quatro anos... Repare que são quatro longos anos, não quatro horas ou quatro dias. Pois bem.

Que bela perspectiva de tempo, parem para pensar, quantos acontecimentos ocorrem em UM ano? Quantas gotas de chuva caem neste período? Quantas horas de sorriso acumulam-se em um ano? Pense nas flores, nas crianças, ah! As crianças, estrelas que cintilam no mar escura, que por fim envelhecem a cada ano. Tantas coisas belas, bons motivos, mas também quantas outras coisas, quantos minutos de dor por aquele dedo preso na porta, num parto de uma estrela que ainda há cintilar, quantos dias de chuva sem poder sair de casa, quantos “não” ouvidos nesse período de tempo.

São quatro anos, quatro vezes mais dores de dedos preso às portas da vida, quatro vezes mais dias de chuva, quer dizer que são milhares ou milhões, bilhões, trilhões, quer dizer um valor absurdo de pingos gélidos que o céu nos contempla, a cada quatro anos o Brasil elege seu candidato à presidência, e daí? “Grande coisa”, nada se comparada à magia de uma Copa do Mundo, ah! Copa do Mundo, onde alguns meros mortais dotados pelo dom de brincar com uma bola viram heróis de chuteiras e outros se tornam vilões de luvas, onde tudo acontece tão de pressa como um cometa, que em apenas 90 minutos é capaz de eliminarmos uma nação inteira, nada que impeça o bailar daquele velho objeto oriundo e balofo, melando um manto verde de um lado para o outro.

Campos de futebol tornam-se mundos alheio passível a expormos tudo que há de cômico em nosso ser.

Seria possível o mundo renovar-se através de uma bola de futebol, ou melhor, por conta de uma Copa? Mero significado de esporte e compaixão.

Camisas, cores, barulho, bandeiras, olhares centralizados numa paixão ímpar a bola, sorrisos ou lágrimas que durarão por anos, representarão multidões.

Como todo bom brasileiro, torcedor e gaúcho que sou e meu patriotismo fizeram-me crer que sim o mundo ganha outra perspectiva e cores, chimarra na mão bandeira presa na parede, sentado no sofá e todo aquele repertório de cantigas e palavrões destinados a jogadores errôneos e árbitros bizarros ou vice e versa vaias mesmo que antiéticas aos hinos que nunca imaginei existir. Hinos como da Bósnia, Irã, Bulgária, Croácia, Grécia e por aí vai, hilários cortes de cabelo e faixas pintadas à mão dizendo “Filma nois”, rostos conspurcados em cores, corações e estrelas, tantas pessoas simples, alegres e estranhas é realmente uma festa estranha feita pra gente esquisita, é momento único de esquecer o desgosto, mas lembrar com gosto comemorações, golaços, defesas e desabafos, mais um afago na velha amarela, beijo involuntário sobre aquela estrela que ainda brilha, a taça que um dia um cascudo e colorado ergueu, fez-me esquecer por um momento...

Vai iniciar a partida, então que parta a bola rumo ao imaginário, rumo à apoteose.

Robson Sckuro
Enviado por Robson Sckuro em 27/02/2015
Reeditado em 27/02/2015
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