DANÇA DO VENTRE

-Olá! Vamos dançar?

-Claro!

-Você dança muito bem.

-Obrigada. Você, também.

-Sempre gostei de baile. Não perco um.

E o namoro de Toninho e Rosa começou ali, no salão.

Daí a dois anos, ficaram noivos e, depois, casaram-se.

Ponto final. Acabou-se o que era doce. Nunca mais o casal de dançarinos colocou os seus ágeis pezinhos num salão de dança.

-Meu bem, vamos fazer aula de dança de salão?

-Para quê, Rosinha?

-Para dançarmos juntinhos, como antigamente, ué!

-Será que você, quase na terceira idade, ainda não sabe que detesto isso?

-Então, vou fazer dança do ventre. Pronto. Decidi. Assim, eu danço sozinha.

-Nada disso. Você vai dançar para mim.

-Enganou-se, redondamente. Vou dançar só para mim, em frente ao espelho, viu?

A mulher convidou sua irmã, primas, vizinhas, amigas, formou um grupo e lá se foram para uma academia, na Praia do Canto.

Certo dia.

-Ei! Você que está de azul!

-Eu, professora?

-Você, mesma. Levanta a saia para eu ver o movimento dos seus joelhos.

A irmã de Rosa prendeu a roupa no elástico da cintura e continuou a fazer os exercícios.

No decorrer da aula, a saia se soltou e cobriu os seus joelhos novamente.

A professora, atenta, disse-lhe:

-Ei! Dá um nó, aí!

A aluna, superinteressada em aprender tudo direitinho, contorceu os braços, enrolou as pernas, dobrou o tronco e reclamou:

-Aaaaaaai... Não consigo dar o nó.

A mestra gritou:

-É na saia!!