DEMONIZAÇÃO.
É preciso ser responsável com o que se diz, com o que se faz, é necessário ser coerente com a coerência, e ela está onde não se agride um acontecimento claríssimo,lógico.
Existem leis e leis. No momento, por tentativa, se movem meios e modos de mitigar as punições de variado espectro que incidirão nos partícipes do nominado “petrolão”. Lei anômica, já que nem regulada foi, sofre de anomia (ausência de norma que a torne exequível), e que tem como requisito um dos participantes do cartel entregar os outros e os desvios. Funciona só para o primeiro que delata.
É o ladrão negociando com quem foi roubado para evitar a pena. No direito penal, em analogia, se possível fosse na área que a lei nova quer atuar, tal instituto chama-se “arrependimento eficaz”, que configura o agressor sustar o resultado do crime (sempre nas suas intercorrências, no curso de seu cometimento) de forma a evitar que se consume o resultado. É impositivo evitar o resultado o arrependimento eficaz e sua ação que interrompe o efeito, o resultado.
No “petrolão” o incendiário resultado já ocorreu, se processa e trará incêndio de inimagináveis proporções na economia, que começa a se desenhar, dá primeiros passos de gigantesca caminhada nefasta que arrasta consigo empregos e provisões de todas as espécies pelo pior dos tributos, a inflação de natureza confiscatória indireta, come a moeda.
E a raiz desse mal perpetrado, se ergue como "Cavaleiros de Don Quichote, e vão para as portas da empresa arruinada, sob a bandeira de defender o que arruinaram. É próprio de salvacionismos inscientes exercerem a lógica do absurdo.Moinhos de vento...
“A Lógica, por sua vez, pode ser considerada sob dois pontos de vista, conforme se examinem as operações gerais ou as operações particulares do entendimento. A primeira compreende as regras absolutamente necessárias do pensar, sem as quais não podem ter lugar as operações intelectuais, e, por conseguinte, ela encara esta faculdade, independentemente da diversidade dos objetos aos quais pode aplicar-se. A Lógica das operações particulares contém as regras para pensar retamente sobre certos objetos determinados......ensinada nas escolas como propedêutica das ciências, embora no desenvolvimento da razão humana ela seja o último lugar a ser atingido; pois só ali chegamos quando a ciência se encontra muito adiantada, e só espera a última palavra para atingir o mais elevado grau de exatidão e perfeição. Com efeito, é preciso conhecer os objetos suficientemente, para poder dar as regras segundo as quais pode formar-se a ciência.” Kant, Crítica da Razão Pura.
Quando a visão apequenada intelectualmente é míope, é da patologia intelectual do deficiente visual, que toda a massa de manobra de opinião, na ambiência político-social, enxergue desta forma, com miopia. O hábito é segunda natureza, diz o bardo shakespeariano. Quem lida com barro não conhece mármore e seus segredos para esculpir.
“A Lógica geral é pura ou aplicada. Na primeira, abstraímos todas as condições empíricas, sob as quais se exerce o nosso entendimento, devemos nos afastar DA IMAGINAÇÃO.” Obra citada.
O chamado “demônio de Laplace” situa-se na demonização do intelecto, com o mal numericamente suplantando o bem como ocorrente, e a razão cedendo fomentada pela dúvida e recuos, arrastando conflitos que intranquilizam a necessária serenidade para refletir. Assim tem caminhado a humanidade entre conflitos e egoísmos de toda sorte, com vários seguidores.
A incerteza de Laplace, configurada em sua tese conhecida, não afasta a obrigação moral dos que conduzem os destinos de nações e dos que pensam, ao contrário, situa a possibilidade de se sensibilizarem e projetarem em termos futuros. Para afastar radicalidades basta ser sincero, nunca espancar a lógica, seviciá-la como possível fosse.
É preciso assumir responsabilidades, dever de todos, e bem mais daqueles a quem se destinou dirigir os povos e participarem de instituições de alguma forma decisória.
A história humana é ambivalente. Quem ousaria negar que o mal sempre prevaleceu sobre o bem ou a dor sobre a alegria.
O físico, matemático e astrônomo Laplace, também se sentia pequeno diante dessa prevalência do mal sobre o bem, e das graves indagações que não aproximam nem explicam fenômenos que desfilam sob nossos sentidos e acabam sem decifrar condutas fechadas ao entendimento com razões que enfrentam a clareza dos fatos sociais.
Um intelecto conhecedor das forças sociais e movimentos ocorrentes percebe, que nada seria tão incerto, se ouvido o passado e pelo presente diante de seus olhos, não buscasse fazer justiça para o futuro.
Ainda que justiça não ocorra.