FELICIDADE À VENDA
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Publicitários em geral, marqueteiros incluídos, usam frequentemente palavras de conotação chamativa. Mais do que frequentemente, e até à exaustão. Palavras como felicidade, e felicidade para sempre, saúde, sucesso profissional, empregabilidade, status, luxo, glamour, beleza, autoestima, bem-estar, ar puro, dinheiro fácil, excelente localização do imóvel, boa forma, emagrecimento, big brother. Modernos shoppings se tornaram templos de consumo, mais seguros, atraentes e aprazíveis. E tudo à mão: estacionamento, diversão, alimentação, comércio sofisticado. Agências prestadoras de serviços se esmeram na apresentação e, se de turismo, apresentam paraísos a visitar, praias deliciosas, magníficos hotéis. Sem dúvida, há sempre lugares maravilhosos a visitar, passeios bucólicos a fazer. Mas a propaganda não deveria vender gato por lebre.
Objetivo das propagandas comerciais: Vender na loja, online, à vista ou a crédito em prestações a perder de vista. Não importa que o desassossego venha com o tempo. Vender produtos atuais e atualizados, como bons, excelentes, última palavra. O que está na moda. Afinal, o que é antigo, tradicional, já não vale ou não presta, pois está ultrapassado. Vale apenas para colecionador, peça de museu.
Objetivo das propagandas políticas, frequentemente ou quase sempre à nossa custa: louvamento aos atuais governos federal, estadual e municipal, mostrando seus feitos heroicos, apesar das heranças malditas. Verdade ou não, o governo anterior, se de outro partido, fez tudo errado, fraudou, deixou de fazer e ainda deixou dívida.
Em ambos os casos, a publicidade costuma contratar, às vezes a peso de ouro, pessoas famosas, principalmente no auge da carreira. Toda pessoa famosa é apresentada como modelo de gente realizada, gente feliz. Quando não um exemplo de superação. Assim, se ele, ela, está feliz com o produto, essa felicidade também eu hei de alcançar. Afinal, quem não quer ser feliz?