O ano novo começa

O ano novo começa

A primeira segunda-feira após o carnaval. Trânsito pesado, muito engarrafamento, sobrou impaciência, por todos os lados, a sensação de que o mundo desabou estampada no rosto de muitos anônimos que passam correndo para lá e para cá, espiando furtivamente com uma leve esperança que a folia ainda não tivesse acabado.

É uma grande verdade, todos sabem que o ano começa verdadeiramente após o carnaval. Absurdo? Ridículo? Claro que não. Cada cultura segue suas próprias tradições e nada vai mudar. Se na Europa, ou na América do Norte, as coisas são diferentes, continuarão sendo. Não existe comparação.

O Carnaval me encanta no que ele tem de mais profundo, a oportunidade dada a todos que dele participam, de viver sonhos, fantasias, de uma forma tão próxima a realidade que se não tomarmos cuidado, podemos ficar presos a fantasia daquele momento e não acordarmos para a realidade.

Essa realidade cruel que enfrenta o povo brasileiro. Um festival de escândalos no cenário político, a moeda desvalorizando, a inflação alta, desemprego, greves estourando em muitos setores, um descontentamento generalizado, e o povo comprimido em suas máscaras do dia-a-dia. Mesmo assim podemos enxergar além das máscaras, no olhar profundo, desses guerreiros cansados e desiludidos, quase sem esperança de um novo amanhã.

E na primeira segunda-feira do ano, voltam todos os problemas. Trânsito congestionado, calor, enchentes, secas, miséria, greve de caminhoneiros por todo o país, pessoas morrendo a cada minuto sem saber por quê. Os jovens aposentam seus sonhos ainda na adolescência, pois não terão tempo para realizá-los. Entra político, sai político, nada muda, em tese. Pois eles conseguem tudo o que querem, e ainda riem e debocham na cara do povo que paga os salários desta classe e todos os luxos que podem desfrutar.

Por isso, já estou saudosa do carnaval, foi uma dose de ópio ligeira, que me fez esquecer a triste realidade. Quem sabe ainda Iná. ventam um carnaval em Junho e aí teremos dose dupla, e o espaço para a saudade e nostalgia já não mais existirá.

E vamos seguindo em frente, a semana acabou de começar e temos muito para conquistar, batalhar, suar, correr atrás, (pena que não pode ser atrás do trio elétrico). Tinha se esquecido de citar um pequeno detalhe que vai afligir muita gente, as dívidas, vão se acumulando e quando vemos já virou bola de neve, mas nada que não possa ser resolvido com a criatividade característica de nosso povo. Em se tratando de bola de neve, nós temos a melhor solução, deixar derreter, pois com esse calor tropical, está difícil encontrar um filho de Deus que suporte tão altas temperaturas.

Continuarei entoando baixinho o refrão de minha escola preferida, olharei para o futuro decidido de cada vez mais viver cada carnaval como se fosse o último de minha vida, pode ser em qualquer lugar, acompanhada ou solitária, quero viver cada dia como se fosse o último dessa existência, só assim não ficarei deprimida, como estou no momento, pela passagem quase etérea de mais uma folia.

Para os amantes da alegria, do riso, e da folia, endereço minhas linhas, na esperança que compartilhem comigo este momento e no canto de suas almas, deixem fluir sua natureza original e tirem suas máscaras e mostrem seus rostos com suas verdadeiras expressões de felicidade.

Obrigada pela breve companhia enquanto estiveram comigo. Por hoje “stop”, porque amanhã tenho muito a viver.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 23/02/2015
Código do texto: T5147985
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