Percentual aleatório
Não sei por que, mas quando vejo reportagens a respeito de propinas e seus valores fico sempre achando que, por maior que seja o valor, por mais que haja pessoas envolvidas, por mais que cause espanto, não ficaria espantado, pior! Acho o espanto das pessoas em geral e principalmente da imprensa algo meio falso. A minha sensação é que todo mundo sabe e espera que seja esse rombo todo. Sabe sim. Isso sempre foi o motor da relação entre empresários e políticos. Fico às vezes imaginando qual o motivo que leva uma pessoa a querer ser político se essa tarefa é árdua, seja legislativamente, seja executivamente. Porque empresários bem sucedidos se candidatam? Um pobre, um sindicalista, um cidadão comum já precisam ter certa dose de “desinibição, iniciativa...” Ok, o rico empresário teria cultura, capacidade intelectual de criar leis e liderança para coordenar projetos e ações. Mas, será que é isso mesmo ou é para legislar em causa própria trabalhando na criação de leis que os beneficiem? Com a desculpa de ideologia todos querem o seu pedaço ao invés do que deveriam querer: a equalização do interesse coletivo. Tenho a impressão de que nenhuma obra no país tem o único objetivo de ser útil ao contribuinte. Há sempre a desconfiança de que as coisas, quando acontecem, cada “envolvido” já teria levado o seu. É possível que essa característica de comportamento esteja impregnada no inconsciente coletivo de forma que a ideia de fato só escandalize os ingênuos... 25%? Talvez... Opa! 25% de ingênuos, não de percentual de propina. Também tenho a impressão de que não teremos melhora. Que se a justiça prendesse todos que fossem flagrados, usando-se os princípios de retidão de países civilizados, o maior negócio do ramo de engenharia civil seria a construção de prisões. Quem seria o líder que iniciaria um movimento pela retidão no Brasil? Claro que os 25% de ingênuos fariam barulho, mas não sei se seria suficiente.