Tomie Othake, gueixa da pintura
As gueixas, mulheres refinadas pela dedicação ao estudo das artes, embora que imitadas em outras culturas, originaram-se na tradição milenar japonesa que as fazia interessadas pela cultura, motivadas à curiosidade e ao estudo. Assim, nesse contexto cultural feminino, Tomie Othake deveio culta, como demonstrou no seu livro “Gota D’Água”, sabendo o que resplandecia seu imaginário na tela, para alguns enigmático por causa do abstracionismo, seu preferido estilo. Mas, nas telas, nas paredes ou onde ela, de olhos vendados ou não, passasse suas mãos, seus pincéis, ou no chão onde erigisse uma escultura, produzia obra de arte, o que vinha fazendo no seu atelier, em São Paulo, onde do seu nome se fez o Instituto de uma Tomie Othake tenaz, cheia de vida, ao ponto de não sentir sua idade centenária, como disse a completar 101 anos : “Ainda não sinto o peso dos cem anos”...
Quando pensamos criar o Museu de Arte Contemporânea - MAC-PB, pelo Decreto de nº 20.696, de 9/11/1999, com apoio de Raul Córdula e do curador Marcos Lontra, nossa gestão frente à Funesc convidou Tomie Othake para expor no Espaço Cultural, onde deu cursos, palestras e entrevistas; entendeu-se com Flávio Tavares; foi uma semana de oficinas, de arte, de sabedoria oriental, de “échange” de valores orientais com os nossos ocidentais. Aqui, entre nós, o que mais me surpreendeu em Tomie Othake não foi sua grandeza, mas sua simplicidade... Preservava costumes do outro lado do mundo. Lembro- me bem que Tomie, antes do almoço na minha casa, mostrou-se incomodada por uma dor de cabeça; ficou sozinha no terraço, olhando o mar e praticando exercício respiratório “zen”, e logo curou seu mal-estar... Também recordo que, ao receber um bouquet de flores de admiradoras paraibanas, ela balbuciou na sua grave voz: “Melhor essas flores vivas nos jardins, nas praças, na natureza, mostrando beleza a todos, é para isso que sua beleza existe... No entanto, educadamente vou trancá-las para murcharem num quarto de hotel”...
Nascida no Japão, em 1913, na cidade de Kyoto, Tomie Nakakubo veio ao Brasil em 1936, aos 23 anos, para visitar parentes; seu retorno se impossibilitou por causa da II Guerra. Foi então quando ganhou seu sobrenome, casando-se com um Othake, "bambu forte". Somente aos seus 37 anos, iniciou sua vida de artista, sempre na cidade de São Paulo, onde vivia e realizava pinturas e esculturas, de onde quase não saía, contudo veio até aqui, à Paraíba. Lá foi cremada, onde permanecerão suas cinzas, menos suas vivas cores que voarão também nos nossos céus, formando arco-íris, como portal da sua arte ou da bela gueixa mirando simultaneamente nosso poente e seu “sol nascente”...
http://www.drc.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=5144548
As gueixas, mulheres refinadas pela dedicação ao estudo das artes, embora que imitadas em outras culturas, originaram-se na tradição milenar japonesa que as fazia interessadas pela cultura, motivadas à curiosidade e ao estudo. Assim, nesse contexto cultural feminino, Tomie Othake deveio culta, como demonstrou no seu livro “Gota D’Água”, sabendo o que resplandecia seu imaginário na tela, para alguns enigmático por causa do abstracionismo, seu preferido estilo. Mas, nas telas, nas paredes ou onde ela, de olhos vendados ou não, passasse suas mãos, seus pincéis, ou no chão onde erigisse uma escultura, produzia obra de arte, o que vinha fazendo no seu atelier, em São Paulo, onde do seu nome se fez o Instituto de uma Tomie Othake tenaz, cheia de vida, ao ponto de não sentir sua idade centenária, como disse a completar 101 anos : “Ainda não sinto o peso dos cem anos”...
Quando pensamos criar o Museu de Arte Contemporânea - MAC-PB, pelo Decreto de nº 20.696, de 9/11/1999, com apoio de Raul Córdula e do curador Marcos Lontra, nossa gestão frente à Funesc convidou Tomie Othake para expor no Espaço Cultural, onde deu cursos, palestras e entrevistas; entendeu-se com Flávio Tavares; foi uma semana de oficinas, de arte, de sabedoria oriental, de “échange” de valores orientais com os nossos ocidentais. Aqui, entre nós, o que mais me surpreendeu em Tomie Othake não foi sua grandeza, mas sua simplicidade... Preservava costumes do outro lado do mundo. Lembro- me bem que Tomie, antes do almoço na minha casa, mostrou-se incomodada por uma dor de cabeça; ficou sozinha no terraço, olhando o mar e praticando exercício respiratório “zen”, e logo curou seu mal-estar... Também recordo que, ao receber um bouquet de flores de admiradoras paraibanas, ela balbuciou na sua grave voz: “Melhor essas flores vivas nos jardins, nas praças, na natureza, mostrando beleza a todos, é para isso que sua beleza existe... No entanto, educadamente vou trancá-las para murcharem num quarto de hotel”...
Nascida no Japão, em 1913, na cidade de Kyoto, Tomie Nakakubo veio ao Brasil em 1936, aos 23 anos, para visitar parentes; seu retorno se impossibilitou por causa da II Guerra. Foi então quando ganhou seu sobrenome, casando-se com um Othake, "bambu forte". Somente aos seus 37 anos, iniciou sua vida de artista, sempre na cidade de São Paulo, onde vivia e realizava pinturas e esculturas, de onde quase não saía, contudo veio até aqui, à Paraíba. Lá foi cremada, onde permanecerão suas cinzas, menos suas vivas cores que voarão também nos nossos céus, formando arco-íris, como portal da sua arte ou da bela gueixa mirando simultaneamente nosso poente e seu “sol nascente”...
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