Um pequeno grande homem
Muitos mais do que os que o conheciam por seu pomposo nome – Luiz Carlos Machado Mignone – o conheciam por seu simplório apelido com que a todos atendia, advindo talvez de seu tamanho diminuto, beirando o metro e sessenta. Mas, palavra unânime de todos, era principalmente reconhecido por sua forma amiga de ser, por seu caráter, realmente um companheirão.
De todos meus primos, foi com quem tive maior convivência, certamente por não serem tão distantes as cidades em que residíamos – Mimoso e Castelo – bem como por toda uma empatia que existia entre nossos pais, grandes amigos, aliado ao fato de termos casas de veraneio em Iriri, para onde íamos em todas as férias escolares, tanto no inverno quanto no verão e, ainda, por seus pais serem meus padrinhos, costume que à época era bem respeitado e propiciava maior proximidade.
Por algumas vezes, passei dias em sua casa em Castelo e era com imenso orgulho e uma ponta de inveja que o via deslizar sobre patins no jardim defronte a sua casa, demonstrando uma perícia que me era inimaginável, principalmente para mim, dois anos mais novo e também meio “mocorongo”, já que aqui em Mimoso não se via daquilo. Assim, Luiz Carlos, ou melhor, Zé Cueca, tornou-se como que um ídolo a ser imitado.
Mais tarde, já nos albores da juventude, quando o via dirigindo a Rural Willys de seu pai, sendo que eu tinha que me contentar com uma mera bicicleta, mais ainda se consolidou aquela admiração por este grande amigo que ele sempre foi.
Luiz Carlos era exímio pianista e, com sua paixão pela música, integrou um conjunto que chegou a fazer sucesso nos anos 70 , o “Les Enfants”, com apresentação até em redes de televisão da época, fazendo razoável sucesso.
Anos mais tarde, por ser engenheiro, ele foi Diretor Técnico na fábrica de automóveis de minha propriedade, o que ainda mais consolidou nossa amizade e companheirismo, fruto da convivência diária, por inúmeras vezes viajando juntos para São Paulo e Belo Horizonte para demonstração de nosso produto ou para a participação em feiras do automóvel.
Incansável em sua constante busca do grande amor de sua vida, casou-se por inúmeras vezes, gerando inúmeros filhos, ao final encontrando-o nos braços de Cristina, esta grande amiga e companheira que o acompanhou em sua fase derradeira.
Reencontramo-nos anos depois, desta feita em Cabo Frio, onde fomos sócios no empreendimento de uma pousada e camping que, mesmo sendo fonte de mais dores de cabeça e problemas do que soluções, serviu para consolidar a camaradagem sempre existente entre nós.
De certa feita, fomos para Rio das Ostras para o Festival de Jazz, lá chegando à noite e sem lugar para estacionarmos o motohome imenso que havíamos levado conosco e onde eu morava. Acampamos quase que defronte ao palco principal, onde tinha-se instalações de água e luz, posição privilegiadíssima, obtida graças à intervenção do secretário municipal de cultura local ao nos apresentarmos a ele trajando chapéus, óculos escuros (mesmo à noite), calças jeans e blusões de couro sem camisa, como se fossemos “stars”, alegando que não nos apresentaríamos no festival se não fosse permitido nosso estacionamento ali, o que foi consentido. Assim, após algumas garrafas de whisky com que brindamos o encontro, passamos a noite sem sermos importunados e sem nos apresentarmos no show, já que alcoolizados.
Após, fomos a um restaurante baiano próximo, onde fizemos amizade com as proprietárias, a quem contamos que estávamos retornando da África, onde fôramos desenvolver, a convite governamental, um projeto de camisas de venus para elefantes, já que eles estavam preocupadíssimos com a proliferação desordenada dos paquidermes e éramos especialistas no assunto, já que o tínhamos desenvolvido para golfinhos na Austrália e para baleias no Canadá. E, entre boas risadas, elas ouviram-me relatar do insucesso da última empreitada, já que quando experimentava o protótipo da camisa no elefante, aquele se assustou e deu um passo atrás, sentando-se sobre Luiz Carlos que foi engolido em seu ânus, assustando-o mais ainda e fazendo com que saísse correndo com Luiz Carlos pendurado, dando o maior trabalho para retirá-lo, todo coberto de fezes. E as baianas, incrédulas, ouviram-no confirmar a veracidade do feito.
Passamos todo um final de semana em Rio das Ostras, desfrutando das benesses de um terreno à beira mar e com instalações de água e luz, curtindo, entre risos ao nos lembrarmos, muito churrasco e cerveja. A única lembrança negativa foi que, ao irmos embora, Luiz Carlos se esqueceu de desengatar a marcha de seu bugre que rebocávamos com o motohome e ao chegarmos ao centro da cidade, aquele estava pegando fogo, posto que fora rebocado a 60 quilômetros por hora em primeira marcha, para desespero do amigo.
Vitimado por mais um enfarto, não pudemos nos despedir, pois, além de estar à época residindo bem longe, somente soube de seu falecimento dias após a data, deixando Cristina sozinha e desolada, como todos se sentem sem a presença amiga de quem conceituo como um pequeno grande homem, de quem trago as melhores lembranças, ansiando por reencontrá-lo para saborearmos um bom whisky de que ele também gostava e ouvi-lo tocar nossas músicas em um órgão eletrônico disponível, como sempre o fez...
De todos meus primos, foi com quem tive maior convivência, certamente por não serem tão distantes as cidades em que residíamos – Mimoso e Castelo – bem como por toda uma empatia que existia entre nossos pais, grandes amigos, aliado ao fato de termos casas de veraneio em Iriri, para onde íamos em todas as férias escolares, tanto no inverno quanto no verão e, ainda, por seus pais serem meus padrinhos, costume que à época era bem respeitado e propiciava maior proximidade.
Por algumas vezes, passei dias em sua casa em Castelo e era com imenso orgulho e uma ponta de inveja que o via deslizar sobre patins no jardim defronte a sua casa, demonstrando uma perícia que me era inimaginável, principalmente para mim, dois anos mais novo e também meio “mocorongo”, já que aqui em Mimoso não se via daquilo. Assim, Luiz Carlos, ou melhor, Zé Cueca, tornou-se como que um ídolo a ser imitado.
Mais tarde, já nos albores da juventude, quando o via dirigindo a Rural Willys de seu pai, sendo que eu tinha que me contentar com uma mera bicicleta, mais ainda se consolidou aquela admiração por este grande amigo que ele sempre foi.
Luiz Carlos era exímio pianista e, com sua paixão pela música, integrou um conjunto que chegou a fazer sucesso nos anos 70 , o “Les Enfants”, com apresentação até em redes de televisão da época, fazendo razoável sucesso.
Anos mais tarde, por ser engenheiro, ele foi Diretor Técnico na fábrica de automóveis de minha propriedade, o que ainda mais consolidou nossa amizade e companheirismo, fruto da convivência diária, por inúmeras vezes viajando juntos para São Paulo e Belo Horizonte para demonstração de nosso produto ou para a participação em feiras do automóvel.
Incansável em sua constante busca do grande amor de sua vida, casou-se por inúmeras vezes, gerando inúmeros filhos, ao final encontrando-o nos braços de Cristina, esta grande amiga e companheira que o acompanhou em sua fase derradeira.
Reencontramo-nos anos depois, desta feita em Cabo Frio, onde fomos sócios no empreendimento de uma pousada e camping que, mesmo sendo fonte de mais dores de cabeça e problemas do que soluções, serviu para consolidar a camaradagem sempre existente entre nós.
De certa feita, fomos para Rio das Ostras para o Festival de Jazz, lá chegando à noite e sem lugar para estacionarmos o motohome imenso que havíamos levado conosco e onde eu morava. Acampamos quase que defronte ao palco principal, onde tinha-se instalações de água e luz, posição privilegiadíssima, obtida graças à intervenção do secretário municipal de cultura local ao nos apresentarmos a ele trajando chapéus, óculos escuros (mesmo à noite), calças jeans e blusões de couro sem camisa, como se fossemos “stars”, alegando que não nos apresentaríamos no festival se não fosse permitido nosso estacionamento ali, o que foi consentido. Assim, após algumas garrafas de whisky com que brindamos o encontro, passamos a noite sem sermos importunados e sem nos apresentarmos no show, já que alcoolizados.
Após, fomos a um restaurante baiano próximo, onde fizemos amizade com as proprietárias, a quem contamos que estávamos retornando da África, onde fôramos desenvolver, a convite governamental, um projeto de camisas de venus para elefantes, já que eles estavam preocupadíssimos com a proliferação desordenada dos paquidermes e éramos especialistas no assunto, já que o tínhamos desenvolvido para golfinhos na Austrália e para baleias no Canadá. E, entre boas risadas, elas ouviram-me relatar do insucesso da última empreitada, já que quando experimentava o protótipo da camisa no elefante, aquele se assustou e deu um passo atrás, sentando-se sobre Luiz Carlos que foi engolido em seu ânus, assustando-o mais ainda e fazendo com que saísse correndo com Luiz Carlos pendurado, dando o maior trabalho para retirá-lo, todo coberto de fezes. E as baianas, incrédulas, ouviram-no confirmar a veracidade do feito.
Passamos todo um final de semana em Rio das Ostras, desfrutando das benesses de um terreno à beira mar e com instalações de água e luz, curtindo, entre risos ao nos lembrarmos, muito churrasco e cerveja. A única lembrança negativa foi que, ao irmos embora, Luiz Carlos se esqueceu de desengatar a marcha de seu bugre que rebocávamos com o motohome e ao chegarmos ao centro da cidade, aquele estava pegando fogo, posto que fora rebocado a 60 quilômetros por hora em primeira marcha, para desespero do amigo.
Vitimado por mais um enfarto, não pudemos nos despedir, pois, além de estar à época residindo bem longe, somente soube de seu falecimento dias após a data, deixando Cristina sozinha e desolada, como todos se sentem sem a presença amiga de quem conceituo como um pequeno grande homem, de quem trago as melhores lembranças, ansiando por reencontrá-lo para saborearmos um bom whisky de que ele também gostava e ouvi-lo tocar nossas músicas em um órgão eletrônico disponível, como sempre o fez...