Pelos olhos da Educação Física

Perguntaram-me o porque defendo a educação física.

Perguntaram também porque escolhi essa área, visto que sou articulada, e apresento aptidão para outras áreas. Num esdrúxulo ato de : você é tão inteligente, porque escolheu essa área?

Quando entrei na faculdade, havia o passado de atleta, nas quadras de vôlei, havia também o amor ao esporte, as brincadeiras na rua onde o correr era sinônimo de liberdade, onde o corpo era a expressão máxima da alegria da infância.

Pois bem, deparei-me então, para minha grata surpresa, com um universo novo, totalmente mais amplo do que eu imaginava, um universo onde o corpo não é só corpo, onde mente não é só mente, onde a inteligência é um todo, embora nem todos, e muitos dentro da própria área vejam assim.

Agucei-me sobre a complexidade do corpo, mas me apaixonei pela educação. A Educação física tornou-se o instrumento pelo qual eu iria educar, não corpos, mas pessoas por inteiro, instrumento pelo qual atingiria todos os objetivos em prol do outro, pelo qual haveria de se formar um elo único, entre a razão, a emoção e a expressão máxima de ambos : O Corpo.

Hoje estamos atuando entre dois grandes pólos, o da produtividade caracterizado pela ênfase no processo de desenvolvimento, onde a educação estimula ao trabalho, em excesso, até o fim dos dias, onde a razão é vangloriada atrás de mesas de escritório, onde o ser humano é maquina, substituível, que precisa ser atualizado com freqüência, não tem corpo, só tem um cérebro treinado para fins produtivos, lucrativos.

O outro pólo, é o do corpo, corpo desconexo com a mente, corpo este para fim estético, auto afirmativo, corpo vitrine, sem janelas na alma, corpo esteroide, corpo silicone, corpo academia, corpo dieta, corpo whey, corpo, corpo, corpo...

Onde está a Educação Física? Onde está o meu primeiro amor universitário? Onde está a conexão entre o corpo e a mente?

Descobri a resposta. Está em mim, está na minha atuação, descobri que a Educação Física não é o elo. Eu sou o elo, eu sou a mudança prática das teorias pelas quais me apaixonei na faculdade. O professor é o quebrador de paradigmas, a valorização da Educação Física, vem através da ruptura da sociedade em relação a uma visão produtivista da função do ser humano. O ser humano foi feito para viver, para ser um corpo e não ter um corpo como se este fosse apenas objeto pelo qual se produz, o ser humano é a expressão maior da criação natural e da evolução. O ser humano nasceu para ser um todo, para ser corpo e mente sem excessivas valorizações, para ser arte, para ser e fazer cultura.

Portanto essa é minha função, fazer com que qualquer ser humano, de qualquer idade, compreenda que não ha limites para se expressar, para ser arte através do que se é, que não há sociedade que o possa excluir pelo seu corpo ou pelo seu cérebro.

Foi por isso que escolhi a Educação Física, porque escolhi quebrar paradigmas das limitações, e mudar a vida das pessoas através da união do corpo e da mente para a expressão maior do que é Ser Humano.

Escolhi a Educação Física, porque ela me escolheu.

Escolhi porque sempre fui feliz nela, e sempre serei embora as pedras no caminho e em qualquer área de atuação. É simples.

Professora Especialista Charlene Angelim.

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 20/02/2015
Código do texto: T5143905
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