NÃO EXISTE ESPAÇO PARA ACHISMOS NA ESCOLA

A escola é um espaço democrático, de construção de saberes, de vivências e troca de experiência. Não pode ser encarda como espaço de represália, de fundamentalismo e de indivíduos fadados a inércia do tempo, de conceitos e de valores apenas do passado. Ela está presente e faz parte da sociedade dos tempos atuais. Muda-se a sociedade, muda-se os paradigmas da educação, adapta-se os operadores do processo de ensino-aprendizagem aos anseios das novas demandas, e se assim não for, a escola estará fadada ao fracasso, a evasão, ao envelhecimento, a um deposito de múmias enterradas ainda com tanta vida para ser vivida...

Dentro da democracia é preciso perceber que os sujeitos da aprendizagem não podem mais ser moldados pela forma da escola da época do Imperador ou do regime de Ditadura vivenciado pelo povo Brasil. As características destes são outras, o acesso a informação é outro, o mundo é outro, o sujeito tem mais acesso a informação, ao consumo, as invenções do tempo contemporâneo. Competências e habilidades dentro de um processo de construção de linguagens diversas que devem ser valorizadas, contempladas para a valorização das novas identidades dos sujeitos que habitam as salas de aula. Não se tem apenas um rosto, ou dois rostos! São tantos corpos, tantos rostos, no ambiente escolar, mesmo que ainda não seja uma escola de todos, mas todos estão representados neste espaço, e pela representação devem ser concebidos pro um modelo de educação condizente com os novos tempos.

As novas leituras não podem ficar de fora, devem ser valorizadas, a leitura do mundo dita por Paulo Freire sabiamente. Os velhos conceitos vão sendo reformulados, modificados, travestidos de novas significações, construídos à luz dos novos tempos. Uma avalanche semiótica envolve os corredores escolares instigando o aprender a conviver com os diferentes na quebra da relação dual entre quem sabe e quem aprende. Todos sabem! Todos aprendem porque o processo educativo, agora, é de interação, de socialização, de partilhas de pontos de vista.

A instituição escolar não pode estar distante da troca de experiências, de dinamizar o processo de construção da aprendizagem valorizando os sujeitos e suas particularidades. As subjetividades destes novos seres necessitam de diálogos capazes de encurtar as distâncias entre as partes envolvidas na construção do espaço escolar. É preciso aprender a aprender com a finalidade de dinamizar os conceitos e cooperar na atuação social como protagonistas de valores e atitudes significativas capazes atuação na sociedade de forma mais humanizada.

Por isso que não existe mais espaço para achismos. Nós professores não podemos mais estar apenas atados aos conhecimentos curriculares pautados nos livros, no conhecimento exegeta, mono ótico, distante dos interesses reais das novas juventudes atuantes nos espaços escolares. A discussão de gênero deve pertencer ao universo da sala de aula, do projeto político pedagógico, da atuação dos projetos interdisciplinar. A discussão acerca da diversidade e da intolerância são desafios da escola contemporânea, não se pode calar essa voz estridente; não se pode fazer vista grossa a necessária inclusão dos excluídos, seja por orientação sexual, seja por descendência afrodescendente, seja por questões urbano/rural, seja por comportamentos e atitudes nascidas dos novos modelos socioculturais das tribos juvenis.

A escola é para todos, deve ser pensada para a vivência do aprender a ser.