BOBAGENS COTIDIANAS
Bobagens do cotidiano... Não leia isso se tiver algo mais sério a fazer na sua vida!
Estou sempre rodeado de pessoas que vendem felicidade, críticas, amadas, donas de si mesmas, cheias de opiniões próprias! Diria que isso causa até uma certa inveja! Se eu fosse falso e hipócrita diria que é uma invejinha “branca”! Esse é um novo conceito para definir uma inveja menos má! Coisas de gente moderninha e metida a santa! Mas vamos ao que interessa! Vejo que essas mesmas pessoas autoconfiantes, críticas e felizes estão sempre muito preocupadas com o que a sociedade pensa sobre elas... a preocupação vai da etiqueta da calcinha a marca da cerveja que tomam! Como se isso fizesse alguma diferença!
Eu me divirto acompanhando essas situações pitorescas. O mais engraçado são as desculpas que elas usam para tentar se desvencilhar de um embaraço desnecessário que elas mesmas criam. Quando eu trabalhava no caixa de um mercadinho sempre atendia a uma bela moça que ia comprar ovos por volta de meio-dia e ela sempre puxava um assunto para afirmar que aquela meia dúzia de ovos não era para o almoço, era para fazer bolo! E eu, é claro, acreditava sempre! Ah se ela soubesse que ovos é a minha comida predileta independentemente da situação financeira!
Outro dia li um artigo num jornal sobre manias de pobre e eu tive certeza absoluta que não me faltam nenhuma característica para ser um pobretão de primeira linha! Sim, eu adoro reutilizar garrafas de refrigerante para colocar água na geladeira! Lambo as tampas dos potinhos de iogurtes e doces! Aproveito a água da chuva para lavar o carro! Faço todos os tipos de reparos na casa para evitar gastos excedentes com encanadores, pedreiros, carpinteiros, eletricistas e enganadores afins! Também não consigo jogar coisas diretamente no lixo sem antes permanecer por anos numa dispensa sob o pretexto de que algum dia vou precisar delas! Pior, de vez enquanto preciso mesmo!
Na condição de um pobre autêntico, eu tenho inúmeras manias! E adoro uma cachaça! Cachaça??? Bebida de pobre! Bom, ai depende muito! Gosto de cachaças que custam 10 reais e também gosto de outras que chega a um salário mínimo! Certa vez um amigo me falou: “Se é para tomar cachaça de 300 reais prefiro tomar uísque”. Interessante, a impressão que fica é que algumas pessoas bebem para ficarem porres, outras para ficarem mais soltinhas, outras para aliviar as tristezas e ainda tem outras que é apenas por pura ostentação!
Não faz muito tempo que fui condenado a pagar a diária de um carpinteiro. Ele andava a procura de trabalho e depois de uma conversa descobri que ele recebe Bolsa Família, mas o que me causou grande espanto foi a declaração dele: “Sabe, eu sou uma pessoa de classe média e o Senhor sabe que a vida de um brasileiro de classe média não está fácil!”. Eu me segurei para não achar graça. Ele certamente não imaginava aquele brasileiro de classe média procurava trabalho na casa de um “brasileiro pobre”. Essa paranoia de que todo cidadão brasileiro é pertencente a classe média foi mais uma das armadilhas dos últimos governos, principalmente do PT.
Outro dia cheguei ao portão da escola e deparei-me com um rapazinho que estava aos prantos e ameaçando bater na coleguinha de sala de aula. Indaguei-lhe a razão e ele disse: “Porque ela disse que eu vivia a juntar alumínio no lixão”. Daí respondi-lhe: “Você tem é muita sorte, porque na infância deste professor eu juntava era osso para ajudar no sustento da minha família. E pode dizer isso para todos que você conhece”. Ele olhou-me seriamente e perguntou se era verdade. Eu reiterei e ele começou a sorrir.
Para quem já conseguiu fugir da fome, da sede e da extrema miséria, ser pobre já é uma conquista a ser comemorada, no meu caso, com bastante cachaça e se não for muito luxo, acompanhada de uma bandinha de limão e uma pitada de sal. Depois ainda lambo os dedos! Risco de verminose? A cachaça deve ser um bom antídoto!