QUARESMA. PAIXÃO DE CRISTO. PÁSCOA.

Para Maria Luiza Martins, com prazer, dedico esta crônica sugerida. Abraço. Celso

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Com representação basilar para o homem e principalmente para o mundo cristão, a quarta-feira de cinzas dá inicio aos tempos de Quaresma, Quadragesima do vocábulo latino, quarenta dias entre terça de carnaval e sexta-feira da paixão. É sinal de mudança devida em que cada um deve se voltar para sua origem frágil e ao mesmo tempo grandiosa. A fragilidade da matéria se compensa na grandiosidade espiritual. A vida passageira da matéria agiganta-se na vida espiritual que nos traz o pensamento e define com segurança a existência de nossa alma, destinatária da eternidade à qual já pertencemos e onde inexiste doença, sofrimento e morte.

O momento chama e clama por conversão, as cinzas devem incorporar a vida velha, são os velhos ramos do Domingo de Ramos do ano precedente incinerados.

Caminhar para a ressurreição da nova vida é libertar-se, Páscoa, movido aquele que se converte pela dor pungente e martírio incomum do flagelado Cristo, o Homem Jesus de Nazaré, que sofreu no corpo como sofreríamos nós, tudo para que houvesse esse reconhecimento de redenção, o amor renegado de uns para outros.

Só por essa visão que o recolhimento da data sugere e enseja podemos chegar à calma absoluta, na limpeza espiritual que se esfuma na sombra com leveza em mudança ocorrente, para ascender outros espaços despojados do materialismo que move fortemente a humanidade.

A Páscoa Judaica ou Pêssach é uma festa religiosa comemorada pelo povo judeu, evocando a passagem da escravidão no Egito para a condição de liberdade, a liberdade tirada de Jesus e morto, MAS ESTAVA ESCRITO, ERA SUA MISSÃO MORRER. Foi confrontado por Caifás, rabino maior, movido pela inveja, afirmado como sublevador contra o Império Romano, único meio concebido para lograrem a pena máxima, ainda que Pilatos não visse em Jesus réu de nenhum crime, mas um justo. Cedeu Pilatos para não ser um coonestador na ausência de condenação, instigado por Caifás contra Quem se dizia Rei do Judeus. Seria um negligente com Roma o representante do Império Romano, Pilatos, sendo Roma exclusivo reinado.

Essa páscoa judaica é uma páscoa diversa da do cristão, pois Jesus não foi aceito como Messias pelo povo judeu, embora judeu, não se formando a Nova Aliança. Até hoje estão errantes nessa terra prometida que não tem paz.

Cristo em sua vida pública breve percorrida, após o batismo de João no rio Jordão, permaneceu quarenta dias no deserto, em conversa com o Senhor. Esperava a dor humana que Ele sabia ter que passar. Foi acossado pelas forças do mal como Filho de Deus para quebrar seu jejum, mas sua fome era outra, apascentar a humanidade de caridade e amor.

De sua dor máxima sofrida no Gólgota, pela pena da crucificação, destinada ao pior dos criminosos, transcrevo página de extrema sensibilidade de meu pai, vista a dor pelos santificados olhos de sua mãe, a Virgem Maria:

“DOR

Se sois cristão a dor não vos abate, mas vos conforta, vos anima, vos eleva, vos engrandece.

Jesus, filho de Deus, quis sofrer a dor humana para reabilitá-la e torná-la mais profícua.

Era porém Deus, e toda a sua grandeza está no que havia de voluntário nesse sofrimento.

Maria, porém, é apenas uma mulher.

E MÃE ! .......

Os desfalecimentos d´alma, a paixão, a agonia, as lágrimas, o sofrimento que não há palavra que o descreva, que a pungia acompanhando toda a paixão do Filho Unigênito, desde o pretório por essa via dolorosa que se terminou na cruz donde Ele pendia, não nasceram de nenhuma renúncia à qualidade de Deus, senão que foram sentidas em toda fraqueza de sua condição humana pela mulher e pela mãe, cuja caridade e cujo altruísmo são tamanhos que lhe inspiraram por amor da redenção da humanidade aquela resignação da lágrima muda, que cai do alto do Gólgota pelos séculos em fora, como o bálsamo consolador de todos os corações em chaga.

Se há entre vós, se há na humanidade inteira a ritmia infeliz de uma dor sem consolo, erga ela o espírito e coração até essa tragédia sangrenta, e funda a sua dor na maior dor que jamais houve sobre a terra, na dor de Maria...

Porque tanto quanto a humanidade viva, não haverá sofrimento tão forte que se não amesquinhe, quando o espírito se orientar para esse calvário de redenção...”

Bráz Felício Panza

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 18/02/2015
Reeditado em 19/02/2015
Código do texto: T5141364
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