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E HAJA VIRTUALIDADE!...
Já chegou à mesa do restaurante com o celular pregado ao ouvido esquerdo. Com a mão direita, ela segurava o prato do self-service, devidamente municiado. Depositou a refeição, afastou a cadeira e sentou-se.
Sozinha, sem afastar um segundo o aparelho da orelha, deu início à sessão do almoço. A mão do garfo era hábil. Não via nada do que se lhe passava em redor, porque a comida e a audiência em que estava absorvida eram o que mais lhe importava.
Da mesa que dava para a rua, longe, sob a proteção de plantas verdinhas, botei sentido nas ações imutáveis da moça. Não mudava no modo de agir; o celular ao ouvido e o prato eram seus únicos atrativos.
Refleti: como alguém é tão aficionado a uma conversa pelo fio, a ponto de não fazer uma pausa nem para almoçar?
Pois assim foi: a moça nada fez de outra maneira e até o final da xepa não se largou do celular nem da conversa. É certo que, pela minha espionagem à distância, a dita não falava quase, apenas ouvia e ouvia.
Quem, com tanto poder de fazer-se ouvido, estaria do outro lado da linha? Namorado, marcando um encontro? A mãe, lhe aplicando um conselho? Ou o chefe dela, a lhe repassar orientações inadiáveis para o expediente da semana seguinte?
Ia-me esquecendo de dizer-lhes que era sábado, dia e local onde, vez em vez, só e sozinho, ponho minha cabeça a desanuviar-se, ao nada fazer da degustação de uma bem gelada cervejinha.
Agora, amigos de minh’alma, pensam que concluí ao que assisti da solitária mulher aficionada por celular? Não e não, ainda.
Do modo mesmo que chegou à mesa, a senhorinha pôs-se de pé, afastou a cadeira, como sói acontecer às pessoas urbanas, agora sem o estorvo do prato e lá se foi para o caixa, quitar a despesa.
E o celular? De jeito nenhum, nem a vaca tossindo, se lhe despregou da orelha. Mas o treco modernoso tomara novo endereço: o ouvido direito. Isto, pelo menos, no percurso até ao caixa. De lá, não vi que fim levou a moça viciada na virtualidade.
Sozinha, sem afastar um segundo o aparelho da orelha, deu início à sessão do almoço. A mão do garfo era hábil. Não via nada do que se lhe passava em redor, porque a comida e a audiência em que estava absorvida eram o que mais lhe importava.
Da mesa que dava para a rua, longe, sob a proteção de plantas verdinhas, botei sentido nas ações imutáveis da moça. Não mudava no modo de agir; o celular ao ouvido e o prato eram seus únicos atrativos.
Refleti: como alguém é tão aficionado a uma conversa pelo fio, a ponto de não fazer uma pausa nem para almoçar?
Pois assim foi: a moça nada fez de outra maneira e até o final da xepa não se largou do celular nem da conversa. É certo que, pela minha espionagem à distância, a dita não falava quase, apenas ouvia e ouvia.
Quem, com tanto poder de fazer-se ouvido, estaria do outro lado da linha? Namorado, marcando um encontro? A mãe, lhe aplicando um conselho? Ou o chefe dela, a lhe repassar orientações inadiáveis para o expediente da semana seguinte?
Ia-me esquecendo de dizer-lhes que era sábado, dia e local onde, vez em vez, só e sozinho, ponho minha cabeça a desanuviar-se, ao nada fazer da degustação de uma bem gelada cervejinha.
Agora, amigos de minh’alma, pensam que concluí ao que assisti da solitária mulher aficionada por celular? Não e não, ainda.
Do modo mesmo que chegou à mesa, a senhorinha pôs-se de pé, afastou a cadeira, como sói acontecer às pessoas urbanas, agora sem o estorvo do prato e lá se foi para o caixa, quitar a despesa.
E o celular? De jeito nenhum, nem a vaca tossindo, se lhe despregou da orelha. Mas o treco modernoso tomara novo endereço: o ouvido direito. Isto, pelo menos, no percurso até ao caixa. De lá, não vi que fim levou a moça viciada na virtualidade.
Fort., 18/02/2015.