Corrupção Compartilhada

Ninguém é corrupto sozinho. A corrupção é uma via de mão dupla. Há agentes ativos e passivos. E ainda há os “colunas do meio”. Aqueles que lavam as mãos com a sua indiferença. O que vemos é uma corrupção compartilhada de setores públicos e privados e a omissão de quem poderia combatê-la. Pessoas que, nas atribuições de seus cargos, deveriam dizer: “estou aqui exatamente para coibir esse tipo de coisa”, e não colocar-se a serviço dos pilantras que desmoralizam a honradez dos que ainda deveriam merecer essa virtude.

Sabemos que a “força maior sempre vence a menor”. Mas, por outro lado, dizem que “entre duas forças iguais, vence a que tem razão”. Se, no cumprimento do dever, alguém impõe a sua missão acima de interesses alheios, refreia o desejo daqueles que querem vencer pela força sem a razão. E, na persistência do corruptor, chega a dizer: “não compartilharei com você, mesmo que tenha de perder o cargo”. Eis aí a condição para manter-se digno, não compactuando com aqueles que querem enlamear a dignidade de homem público. Temos inúmeros exemplos de cidadãos honrados que não se curvaram às pressões externas, mesmo correndo determinados riscos, Sim, riscos inerentes ao próprio cargo, cuja ética profissional assim o exige.

Ninguém é obrigado a compartilhar com o malfeito. Se compartilhou é porque “é farinha do mesmo saco”, conforme o antigo provérbio. Atualmente, com referência aos políticos, costumam dizer que “todos calçam 40”, como forma de afirmar que todos são iguais. Mas, se todos chegaram lá pelo nosso voto, é hora de mudar o pé do sapato. Se em toda regra há exceções, com certeza encontraremos muitos pés diferentes. Compartilhar com a corrupção, jamais.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 18/02/2015
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