Parecia um sonho...
A linda morena senta-se ao meu lado e pergunta "amor, podemos tomar café agora?". Primeiro engulo seco, depois respondo com a voz tremula meio que pelo nervosismo pelo inusitado do fato e meio que pela transição de voz natural para os meus quinze anos e alguns meses. Era Maria, a mais linda da vizinhança. Inacreditável! Me belisco! Não sinto dor alguma. Mas como sentir, ao lado da minha "deusa". Muita calma nessa hora. Tenho que organizar as ideias para despertar completamente e não estragar nada... O estranho era que eu não lembrava de nada que tivesse acontecido para que as coisas chegassem àquele ponto. Agora já mais desperto, as perguntas se acumulavam e nenhuma resposta vinha. Resolvo então mudar a tática. Começo forçar a memoria. tinha que ter uma estória. O Azarão do bairro com a menina mais bonita e ainda por cima na sua cama chamando para o café... Onde estariam meus pais, os pais dela, meus irmãos, todo mundo... Ninguém iria acreditar em mim. Seria um causo surreal... "Vamos amor, eu tô com fome", insistia a voz agora muito mais melosa e carinhosa que da vez anterior... Ainda com suavidade ela sorri para mim e aponta para a porta que se abria lentamente. Por ela, então surge uma figura muito conhecida minha, vindo de lá também uma outra voz muito mais mais forte e bem masculina, fazendo estremecer o quarto: "Acorda, moleque! Não vai perder a hora da aula!