SAKÊ, BEBIDAS DOS DEUSES
Nesse Carnaval, um velho amigo, morador em Guaíra, cidade fronteira com Paraguai,
trouxe-me uma garrafa dessa bebida milenar. Disse-me que era produção caseira, coisa rara, porque no Japão só é permitida produção industrial. Ao chegar em casa, ele já estava um tanto bêbado. Perdão, essa palavra não se usa quando se bebe sakê. A designação correta é inebriado. E quem o bebe, transforma-se em cantor, seresteiro ao luar. Sakê é o melhor companheiro da solidão, na falta de pretexto ou de dor-de-cotovelo. Depois sakê elimina as preocupações e prolonga a vida. No Japão, dizer: eu estava bebendo sakê, o perdão é praticamente certo, até em infração de trânsito.
Esse sakê caseiro que me trouxe foi feito de kuchikami – as mulheres mastigam os grãos de arroz, cospem num vasilhame de madeira e deixam fermentar. Chamam-no de bijinshu – sakê de mulheres bonitas. Depois dessa explicação, perdi a vontade de bebê-lo.