Pequenas histórias 69
Os olhos perdem-se na curvatura do ar que, por sua vez, se sujeita aos contornos dos objetos vazios que preenchem o ambiente. Os corpos, perdidos nas obrigações profissionais, circulam o ar com seus movimentos e respirações suarentas, sem perceberem o que fazem. Risos e falas constroem á parte um mundo subjetivo de sentimentos e idéias de sonhos nem sempre catalisado na esperança de concretizá-los. São partes de experiências que cada um vai acumulando nas veias as quais, pulsam freneticamente. Experiências nem sempre entendidas como experiências mas, como obrigação, tanto profissional como social. Mesmo que essas experiências estejam encravadas na carne, carregadas desde os primórdios dos tempos, mesmo que seja uma herança dos nossos antepassados, não deixam de serem experiências. Quando deparamos com um desejo, - nos primeiros anos de nossa vida temos apenas desejos -, às vezes surpreendidos por não entender, ficamos por instantes amedrontados, assustados, e acabamos por agir inconscientemente e impulsivamente.
Entrando na adolescência, vamos nos surpreender com os primeiros impulsos de desejos, excitamento, amor, desamor, ódio, raiva, vingança... E quando deparamos como toda essa amalgama de situações, ficamos perdidos, sem saber o que fazer. É claro, estamos repetindo as mesmas situações que nossos avôs, tataravôs passaram, apenas numa situação diferente, num clima diferente, numa sociedade completamente diferente, mas que não deixa de ser uma experiência inédita para nós.
O bom filósofo é aquele que sabe explanar suas idéias, seus conceitos. Ou seria dizer: o bom escritor. Porque ele pode-se dizer escritor, mas filósofo está longe disso.
A vida é uma sucessão de atos e gestos que vamos ao dia-a-dia concretizando. Vamos assim, criando uma composição surda de melodias impregnadas de pequenas partículas de atividades. Somos compositores de nossas próprias melodias que tangendo a corda do espaço, vibramos, às vezes, em sintonia com outras cordas interagindo ou não com elas.
Assim é a vida, assim caminha a podre humanidade.
pastorelli