UM PARENTE MALQUISTO

A primeira vez que eu os vi foi há muito tempo atrás, no Zoológico.
Ah! Fiquei fascinada pelo equilíbrio, velocidade, com que saltavam de galho em galho. Não havia quem me tirasse dali. Nem o farto piquinique, que minha vó havia preparado pra ser degustado sobre o gramado do lugar, foi apelo suficiente.

Mais tarde em minha mocidade, vim a conhecer mais sobre eles, e feliz fiquei em saber que são meus parentes próximos, os chipanzés.
Os cientistas afirmam que nós, os humanos, compartilhamos por volta de 95% à 98% de genes em comum com eles.
Sei, que muita gente se agasta com a ideia de tê-los, como parentes tão próximos, a mim, no entanto, não causa qualquer desconforto.

Mais recentemente vim a saber do parentesco que temos com as bananas, cerca de 50% dos nossos genes são iguais aos delas.
Ah, desde então, sempre que vou comer um banana, sinto como se estivesse mastigando uma prima, e isso tem me incomodado um pouco.
Dias desses, ao ajudar o jardineiro a apanhar um cacho de bananas- prata, em meu quintal, fiquei pesarosa por tirar as filhas de minha prima distante, e percebi, que ela (bananeira) vertia lágrimas leitosas, pela ausência das filhas.

Há pouco tempo, o que me deixou pasma, foi ler que fungos e bolores, são aparentados geneticamente com nós, os humanos. E, que entre todas as coisas compartilham graus variáveis de similaridade nas estruturas do seu DNA, que é a espinha dorsal da vida.
Ah, me pequei a pensar: como irei aceitar ter coisas em comum, com aquele bolor esverdeado que está crescendo no pedaço de queijo que esqueci sobre a mesa?

Essas descobertas dos cientistas, modificaram o meu passeio matinal pelo meu jardim, não consigo mais passar rente as inúmeras bananeiras, carregadas com seus cachos, - no momento, oito delas, ostentam com orgulho seus filhos-cachos em crescimento, -  sem me deter para um dedo de prosa com elas, seria um falta de educação com minhas primas distantes.
Já o bolor que cresce ao pé do muro do quintal, ah, esse parente distante, que me perdoe, mas por hora, ele é malquisto, ainda não me foi possível aceitá-lo. Ele é daquele tipo de parente, que existe em quase toda família, mas, não é bem vindo à nossa casa.
Mal educada que sou, passo rente a ele, e nem bom dia lhe dou, finjo não vê-lo.



(Imagem: Lenapena - cacho de banana colhido em meu quintal)
Lenapena
Enviado por Lenapena em 16/02/2015
Reeditado em 16/02/2015
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