O QUEBRA NUCA



Às vezes ao remexer nos guardados da mente esbarramos com figuras hilárias do passado. Que o tempo sepultou no tumulo do esquecimento. Mas que deixou o seu capítulo escrito na historia. Gente simples e humildes que contribuiu de forma significativa com a dinâmica social, com seu trabalho honrado, e muitas vezes penoso.
Caipiras analfabetos que viveram no seu tempo, uma luta árdua usando para o trabalho ferramentas rudimentares, e primitivas, criando certas situações, e expressões lingüísticas, com palavras até pitorescas. Mas muito bem colocadas no idioma rural,identificando um local ou uma situação qualquer, no dia a dia do cotidiano.
Dentre as ferramentas acima citadas, o carro de bois foi o que mais contribuiu com o progresso. Por ser o mais importante meio de transporte de épocas passadas, conduzido pelo carreiro, um herói sem medalha que merece ser lembrado.
Foi ele que inventou a palavra usada no titulo desta crônica “quebra nuca,” palavra simples cujo significado muitos não sabe a origem.
Quebra nuca é um trecho agudo no declive das estrada carreiras, geralmente muito comum nas regiões de serras. Aonde os carreiros padeciam para cumprindo seu roteiro no trabalho. Teriam que usar um método denominado boi na corda. Outra expressão desconhecida.
O carro de boi era equipado com uma argola de ferro na parte inferior de sua mesa, ou seja, por baixo em sua trazeira. A junta de bois da guia era treinada, e usava uma canga equipada com outras duas argolas, por onde passava uma corda amarrada na argola abaixo do carro, dessa forma auxiliando a junta do cabeçalho, eram quatro nucas de bois segurando o carro, no declive agudo denominado “quebra nuca”. Isso com o carro carregado com cem @s, o normal suportado a ser transportado.
Certa ocasião o nosso saudoso conterrâneo Jose jacinto, conhecido pelo cognome de Tungó, cismou em comprar uma tralha de carro. Como não tinha a menor vocação para carreiro. Seu primeiro carreto foi transportar milho para o também saudoso Pacífico Bernardes na fazenda do buraco. O nome da fazenda já indica que sua topografia vai de encontro ao assunto em questão. Ao descer em direção ao buraco com o carro carregado de milho, o Tungo para mostrar sua eficiência como carreiro, cismou em colocar boi na corda, mas ao invés de colocá-los de frente da maneira correta. Os amarrou pelo rabicho puxando no sentido contrario foi uma tragédia, canga quebrada caro tombado e milho espalhado ladeira abaixo, bois enforcados. Foi a primeira e a ultima aventura do Tungó como carreiro. Mudou de profissão foi trabalhar de barbeiro. Envelheceu tentando ser um bom profissional, mas que eu saiba, nunca recebeu nenhum elogio de sua clientela.







 
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 16/02/2015
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