O homem na Indianápolis
Saio de casa à noitinha. É gostoso passear de carro, ver a cidade de São Paulo mais quieta no fim de semana. Longe do tráfego pesado, o cérebro fica em paz.
Começa a chuviscar. Moema, Ibirapuera, Jardim Europa ficam ainda mais bonitas na combinação de luzes e chuviscos.
O passeio é calmante e não vejo o tempo passar, mas a volta é necessária.
Suspiro forte. É hora de voltar.
A chuva aperta. Já não é mais garoa e sim uma queda d´água torrencial.
No painel do carro, o relógio marca nove da noite. Já?
Volto pela Indianápolis. Será que o Pão de Açúcar ainda estará aberto?
Olho para a direita. Está fechado. Na calçada, desolado e de cabeça baixa, um homem, ou apenas um garoto, toma chuva.
Sinto certo aperto no peito, uma dor, ainda que efêmera, vívida. Um sentimento de culpa me assola.
Volto para casa. Uma cama quentinha me espera.