15/02/15
 
Domingo de Carnaval no Rio, na Glória. Um domingo sem café em casa. O supermercado não está atendendo em casa por ser dia especial.
Não estou podendo andar. Mas a falta do café e um pão fresco me dá força de ir até à padaria.
E vou devagar . Consigo chegar lá. No Vila Rica, ao lado, encontro uma mesa na calçada e na sombra da entrada. E, para meu conforto me informam que servem também um "café com pão na chapa". Não podia ser melhor, assento e espero.
O movimento na calçada e na rua é intenso de gente fantasiada em direção ao Largo Machado, provavelmente
Eu queria estar no meu Catetinho, naquela frescura: saudade da minha casa. E estou triste ultimamente, não queria nem ver carnaval. Mas a mesa de bar foi salvadora, logo minhas pernas e coluna sentiram o alívio do apoio.
Fiquei admirando aquela multidão de jovens de todo tipo e fantasiados. As fantasias mais bizarras, mas cheias de criatividade. Chapéu de rei, coroa de rainha, baianas, odaliscas, anjos com auréola no ar, noivas por alguns rapazes. Muitos acessórios douradas de latão, piratas. Quase pelados, com uma roupa sumária por baixo. Capas flutuando no ar. Ciganas, Índios, piratas, tiroleses e tirolesas, fadas, havaianas e muitos outros tipos. Muitos estrangeiros entrosadas nestas fantasias e adereços populares vendidos por camelôs em vários pontos da calçada. Enfim, uma festa de alegria, harmonia e até pureza.
Uma banda poderosa em algum lugar próximo com a nossa música de entusiasmo esbanjando alegria e criatividade, unia essa gente toda nesse entusiasmo e rumavam com uma certa pressa em direção ao Catete  ou Largo do Machado. É um hábito carioca de formar bandas bairristas com uma certa tradição.Há muita pureza nesta alegria criativa e popular.
Ainda bem, pois quando um prefeito ou uma autoridade entra na questão querendo modificar ou impor normas, estraga tudo.
O meu café já estava sendo saboreado em uma média e um delicioso pão na chapa, coisa que adoro. Aliás me lembra nossas moradias em Visconde de Rio Branco com fogão econômico, em que cada um fazia seu pão na chapa partido em dois e passado manteiga.
Aquilo tudo foi me emocionando, tanta beleza, pureza e alegria.
E comentei com um velho na mesinha do lado, e ele disse a mesma coisa. Estava curtindo. Comecei a chorar pois, ambos estávamos vendo como o povo brasileiro é especial e maravilhoso, por natureza. Não há lugar nenhum no mundo que tem esta característica natural do brasileiro, de um bom humor, delicadeza e alegria.