A CAIXA

Laurinda trabalhava há muitos anos numa residência como empregada doméstica. Boa funcionária, além de deixar a casa sempre brilhando, fazia uma comidinha gostosa. Um dia, ao notar uma caixa diferente a um canto do escritório ficou curiosa, queria saber o que havia lá dentro. A patroa contou-lhe, então, que eram as cinzas de seu pai, estavam ali à espera da hora em que fossem jogá-las no mar como era o desejo do falecido. Laurinda ficou muda, arregalou os olhos e tratou de sair depressa do recinto. Nos dias que se seguiram ela não compareceu ao trabalho, nem deu sinal de vida. Preocupada, a patroa comentou com o porteiro do prédio, talvez ele soubesse de alguma coisa. Depois de hesitar um pouco, o homem acabou confessando: ela saiu daqui apavorada, disse que tem um defunto lá na sua casa... Só volta depois que ele for enterrado. É verdade, dona Dulce?