" O PROFETA".

Um dos maiores livros presenteados à humanidade, seu autor ganhou notoriedade e prestígio cem anos depois de morto. Foi o livro de âmbito reservado, fora de ciências ou filosofia como tal, que mais me influenciou em minha jornada. Seus conceitos, sua precisão matemática na descrição da caminhada, sua sabedoria, enfim, o ponto nevrálgico de seu impulso do pensamento, identificando mesmo na incerteza da vida a certeza do que pode ocorrer e existir, transformando em brilhante faiscante de luz única todas as possibilidades lacradas no sentimento, lapidado por poderosas mãos o diamante bruto que tudo corta, em facetas que resplandecem rebrilhando.

Como nasceu O PROFETA?

“Um espírito supremo sempre nasce com uma missão, e pensa que todos os outros homens também a possuem. Anos se passam, até que se dê conta que está só, e nem todos os seres humanos são capazes de deixar que sua razão de viver se manifeste. Em oitenta por cento dos casos, as pessoas renunciam à Vida que desejaram quando crianças.

A partir daí, aquele que segue sua missão pensa que está só, e esta descoberta o torna amargo e cínico. Aos poucos, ele se isola; seu mundo interior se afasta deste mundo, e termina seus dias solitário, não importa onde viva.

São poucos os que resistem à pressão que o mundo exerce, e ainda conseguem colocar um pouco de si mesmo naquilo que dizem e fazem.” Carta de Gibran a Mary Haskell, sua amada.

No dia 6 de maio, Mary Haskell e Gibran discutem pela primeira vez a ideia de “O Profeta”, livro que iria torná-lo conhecido no mundo inteiro.

Khalil disse a Mary: “durante estes 18 meses, estive trabalhando em algo que crescia em mim. Trata-se de um livro sobre 21 temas, sobre os quais eu já escrevi dezesseis”.

Khalil leu algum destes trechos para Mary, e chamaram o livro de “Conselhos¹”. Então Khalil falou:

“Você não acha que tudo que está aí é o resultado de nossas conversas durante todos estes anos?

“Quando ele me descreveu o visionário — ou o profeta do “Conselhos”, e a relação dele com a cidade, me parecia que estava se referindo a si mesmo.”, disse Mary.

Provisoriamente o título foi “O Profeta” naquela noite, e que a seguir, foi mantido.

"Quero que “Conselhos” seja um livro simples. Não faz mal se algumas partes forem duras ou amargas — o importante é que o meu personagem diga a verdade.

Há momentos em que a vida, aparentemente sem significado, parece ter mil sentidos ao mesmo tempo. Nosso coração está em todos os lugares, nós nos sentamos na beira do rio e bebemos suas águas mais profundas. Percebemos que a água também tem sede, e nos está bebendo também; então somos um só com o Universo.

Há muito tempo, eu disse: “Deus está por detrás de mil véus de luz”. Agora eu diria: “o mundo acaba de passar por um destes véus, e Deus está mais próximo.

Tudo está diferente. Os rostos nas ruas, nos trens, nos carros, mostram outra beleza. E não é apenas o final desta Guerra que envolveu toda a Europa. Tampouco é a vitória do lado a que pertencemos, mas a predominância do espírito sobre o material — uma gota de óleo, colocada há quatro anos no fundo do oceano, finalmente sobe e encontra a luz.

Mas por que eu escrevo isso para você, Mary? Você sabia tudo que ia acontecer. E você, mais do que qualquer pessoa neste mundo, foi quem alimentou minha fé nesta vitória.”

18 de abril de 1920.

E justifica seu livro máximo, seu pensamento.

“Todo meu ser está completamente impregnado por “O Profeta”. Neste livro eu aprisionei certos ideais, e meu desejo de vivê-los de acordo com o que escrevi. Na verdade, eu tenho tentado encontrar “O Profeta” desde que tinha 14 anos, mas só agora estou consciente das verdades que foram aparecendo em minha vida, e se manifestaram neste livro. Ele está mudando tudo dentro de mim.

Eu amo as pessoas mais que nunca, embora continue me sentindo só, e sabendo que não sou uma boa companhia para os outros — exceto para você.

Mas aprendi a amar. Quando não estamos amando, ou quando não nos sentimos belos, procuramos estar sempre ocupados. E não deixamos que nosso crescimento interior aconteça, porque tentamos controlá-lo.

Que tolice! Nunca devemos dizer: “eu quero crescer nesta direção”, ou “agora eu vou me dedicar percorrer esta outra direção”.

Nós precisamos nos entregar ao crescimento da maneira como ele surge, e nos conduz.”

APRENDEU A AMAR, NADA MAIS É PRECISO....

Essa configuração faz nascer a extraordinária obra,

de onde se extrai:

"O matrimônio

Vocês nasceram juntos, e juntos estarão mesmo quando as asas brancas da morte terminem com seus dias - porque continuarão unidos na memória silenciosa de Deus.

Mas que haja espaço entre os dois. Que o vento dos céus possa passar entre seus corpos.

Amem, mas não transformem o amor em uma atadura.

Que um encha o copo do outro, mas que jamais bebam do mesmo copo.

Cantem e dancem, estejam alegres, mas que cada um mantenha sua independência; as cordas de um alaúde estão sozinhas, embora vibrem com a mesma música.

Entreguem o seu coração, mas não para que seu companheiro o possua - porque só a mão da Vida pode conter corações inteiros.

Estejam juntos, mas não demasiado juntos - porque os pilares de um templo estão separados.

O carvalho não cresce à sombra do cipreste, e o cipreste não consegue crescer à sombra do carvalho.

Os filhos

Seus filhos não são seus filhos; são filhos e filhas da vida. Vieram através de vocês, mas não lhe pertencem.

Podem dar seu amor, mas não seus pensamentos - porque eles tem seus próprios sonhos.

Podem proteger seus corpos, mas não suas almas - porque suas almas habitam na casa do amanhã, que mesmo em sonho vocês não podem visitar.

Podem tentar ser como eles, mas não tentem fazer com que se comportem como vocês; porque a vida não retrocede, nem se deixa seduzir pelo dia de ontem.

Vocês são o arco onde seus filhos, como flechas vivas, são impulsionados para adiante; deixem que a mão do Arqueiro trabalhe, porque assim como Ele ama a flecha que voa, também ama o arco, que permanece estável.

O amor

Quando o amor chamar, aceitem seu chamado, mesmo que o caminho seja duro, difícil.

E quando suas asas se abrirem, entreguem-se, mesmo que a espada que está ali escondida termine provocando ferimentos.

E quando o amor disser algo, acreditem, mesmo que sua voz destrua seus sonhos, como o vento do norte devasta os jardins.

Porque o amor glorifica e crucifica. Faz crescer os ramos, e os poda. Tritura os homens, até que estejam flexíveis e dóceis. Os queima em fogo divino, para que possam converter-se em um pão sagrado, que será consumido no banquete de Deus.

Entretanto, se tiverem medo, e quiserem encontrar no amor apenas a paz e o prazer, melhor que se afastem de sua porta, e procurem outro mundo, onde poderão rir mas sem toda alegria, e poderão chorar mas sem usar todas as lágrimas.

O amor não dá nada e não pede nada além de si mesmo. O amor não possui nem é possuído - porque ele se basta.

E não tentem dirigir o seu curso: porque se o amor achar que são dignos, ele os dirigirá até onde devem chegar."

O Profeta foi traduzido para mais de 30 idiomas e lido por milhões de pessoas em todo o mundo. Figura na lista de mais vendidos no mundo em edição formal e nos mais vendidos da Amazon.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 15/02/2015
Reeditado em 15/02/2015
Código do texto: T5138224
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