Que posta!

Tá pela hora da morte o preço do bacalhau. Afora as enganações a que somos levados a engolir e mal digerir, dos lings, saithes e até zarbos, querendo passar-nos o quinau, como se também fossem o morua do mundo da lua, o bacana, o bacalhau. E não é só, esse original, mais pescado do que pecado, anda também desaparecendo tanto é que foi caçado sem dó nem piedade.

Longe vai o tempo em que se viam aqueles caixotões de madeira branquinha e maciinha, a ornarem as portas dos armazéns, sobretudo nas ocasiões festivas da semana santa e do natal, exibindo o incomparável - e quase incomprável - bacalhau da Noruega. Pois era caro também no passado de nosso vintém, ainda que abundasse, porém.

E não sei se dá língua é o gozo, mas parecia também antes mais gostoso. Umas lasquinhas só que se botavam no arroz, faziam recender os paladares, encher as barrigonas e barriguinhas de tantos lares.

Hoje, esta posta diante de mim posta faz questão de afirmar que é do legítimo sim, do codus morhua, mas por rara, me já custa os olhos da cara: cento e trinta e tantos paus. Comem dois, é verdade, mas e depois, como matar das ferpinhas

a saudade?

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 15/02/2015
Código do texto: T5137821
Classificação de conteúdo: seguro