Sobre religiões e distâncias

Em Campina Grande. Sobre religiões e distâncias...ontem, enquanto cidadão em busca de abrigo cultural, me senti dormindo na rua...

Falando sobre os encontros ecumêmnicos e culturais da cidade no Carnaval. Todos sabemos que nesse período a cidade torna-se sede de vários encontros, há anos que esta época de carnaval tem esse contexto "espiritual" na cidade. Mas, se imaginassemos que Campina Grande é uma gigantesca casa, e os lugares onde ocorrem os tais eventos citados fossem seus cômodos, me questionei, o que seria cada um? Antes de começar, já erijo uma máxima, essa casa não está bem dividida...E sendo logo direto, o "Encontro para a consciência Cristã" (Evangélico) seria a sala de estar, onde fica a TV, o sofá, onde se tem maior espaço, e é prórpio para receber pessoas, o "Crescer" (Católico), seria o quintal, onde adaptando se pode fazer o mesmo que a sala, o Miep (Espírita) seria um dos quartos com suíte, confortável, e para o "Amigos da Torá" (Judaico) outro quarto, discreto, embora se eles quisessem faziam na "casa" toda, e dariam um jeito até dos Ateus bancarem por isso. Por último teríamos o "Encontro para Nova Consciência" (Voltado para todas as demais vertentes religiosas, Hare-Krishnas, Budistas, Celtas, Neo-pagãos, Xamans, Ubandistas, Ufólogos, Ateus/Agnósticos, entre outras), que outrora começou na sala, e hoje está no quartinho dos fundos, onde fica o que não se quer mais, completamente esquecido por quem administra a casa...

A proposta do "Encontro para Nova Consciência" é extremamente louvável. Colocar todas as visões, as linhas de crença em um paralelo, sem nenhuma se postular maior que a outra, mostrar as peculiaridades, as diferências, buscar harmonia sobre a "lógica" da humanidade. É um encontro extremamente didático, faz em 3 dias, com muita eficiência, o que o poder público não consegue fazer quando "reflete" sobre introduzir Ensino Religioso nas escolas, e o resultado disso já sabemos, cristianismo goela abaixo, "quem decorar a reza tira dez".

Saí ontem de casa, já sabendo que na província de Campina Grande, que tanto se orgulham de ser "polo educacional", algo perigoso, que há quase duas décadas suga almas no carnaval estava com as garras armadas e afiadas, mais do que nunca. Estrutura gigantesca, no coração da cidade, a Prefeitura oferecendo seu melhor cômodo.

Lembro de alguns Evangélicos, em uma edição do "Encontro para Nova Consciência" querendo tacar fogo no Teatro Municipal por não aceitar a convivência com os grupos. Estavam bufando ódio, sem nenhuma máscara, foi um momento autêntico, que me ensinou que não existe harmonia quando uma religião tem por sua essência a crença que "carrega a verdade, a salvação" e que os outros estão "errados e condenados". E sabe por que todo aquele ódio? Porque a proposta do "Encontro para a nova Consciência" estava se solidificando, estava dando certo.

Por fatos como esse citado, adquiri um asco descomunal do "Encontro para a consciência Cristã" pois o ví se expandir a custa do detrimento do "Encontro para Nova Consciência", a medida que um crescia o outro entrava em processo de escanteamento, foi minando, e nesta edição, está agonizando no quartinho dos fundos, ao lado do esgoto.

Sei que não posso me revoltar insanamente com os Evangélicos por eles estarem querendo o melhor para o que acreditam, mas me revolto insanamente com o poder público que toma partido de algumas religiões, abraça a causa, e esquece outras, por serem de minorias, e por muitas vezes falarem verdades incovniêntes...

Apesar de conceitos particulares, não vou direcionar nenhum ataque nesse texto aos outros encontros que citei acima, pois todos os outros são em "quartos fechados", abre a porta e entra quem quer, e não possuem esse caráter de megalomania espancionista e individualista que o "Encontro para consciência Cristã" tem.

Sou do interior, e hoje tenho saudade dos tempos em que os Evangélicos sumiam do mapa e iam para queles retiros bem longe da civilização, lá na casa do caralho. Ficavam só o "profanos" em seu sentido mais "religioso" de viver. Os que bebem, que se fantasiam, que se sujam, que ouvem música mundana, que batucam... Nada como carniça para sabermos que carne crua não é tão ruim assim...