HOUVE UM TEMPO...

Houve um tempo em que era feio ser desonesto. Os nossos pais nos ensinavam a honestidade. Houve um tempo em que, numa família, a mãe não permitia que seus três filhos pegassem nem uma laranja na propriedade de alguma pessoa. Nesse tempo, essa mãe, mesmo com muitas dificuldades financeiras, não permitia que seus três filhos pegassem nada alheio. As dificuldades eram muitas: não havia escola para seus filhos; não havia água onde essa mãe e seus filhos moravam; só havia Deus (que é muito com o pouco), a saúde e a vontade ingente de ter uma vida decente.

Essa mãe, graças a Deus, ainda existe. Seus três filhos ainda existem. Mas, hoje, na sociedade dessa mãe e seus filhos, não se acha mais bonito ser decente; não é mais feio roubar nem furtar. Mesmo assim, essa mãe e esses três filhos continuam sendo honestos. A vida desse terceiro filho e a vida de sua mãe melhoraram. Os filhos e a mãe permanecem honestos. A honestidade está arraigada no ser de cada um dessa família, porque é um valor transmitido desde seus antepassados. Um amigo (já falecido) desse terceiro filho contou-lhe sobre a integridade moral de um bisavô paterno desse filho número três.

Na sociedade em que essa mãe e seus três filhos moram, o povo é roubado. Nessa sociedade, não se acha mais feio roubar. Aqueles que roubam e oprimem o povo são elogiados por estarem sendo investigados. A investigação, nessa sociedade, transforma os ladrões investigados em pessoas dignas de defesa e de apoio. Não se acha mais feia a desonestidade. A investigação está fazendo com que o que causou essa investigação não seja mais uma feiura. Destaca-se o efeito e se esquece da causa. É isso o que está acontecendo.

Esse terceiro filho não sabe se seus valores são bonitos, visto que a sociedade em que ele mora não pune alguns chefes da desonestidade. Há muitos defensores de quem rouba, porque hoje já não se rouba sozinho, e o roubo, alegam, sempre existiu. Imagine como se sente alguém que sempre foi educado para não roubar nem furtar, numa sociedade que valoriza a pessoa que está sendo investigada por roubo, mas não enxerga que deveríamos estar revoltados ou indignados com todos aqueles que cometeram o ato de roubar.

Houve um tempo em que o homem tinha vergonha na cara. Houve um tempo em que as pessoas eram ensinadas a ser decentes. Houve um tempo em que os homens eram ensinados a dominar seus impulsos e a buscarem uma vida que, hoje, não é mais vista como a vida ideal, mas apenas uma vida entre tantos tipos de vida.

Houve um tempo em que o casamento entre um homem e uma mulher era o casamento ideal. Estamos em outro tempo.

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 13/02/2015
Reeditado em 13/02/2015
Código do texto: T5136193
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