Assim como todo mundo precisa ter fé - fé demais ou fé de menos - todo mundo também deveria ter consciência de que roubar, demais ou de menos, não é correto. No entanto, desde que o mundo é mundo, essa é uma prática universal. A diferença é que, em alguns países, o cara que rouba tem a mão cortada ou a prisão decretada. No Brasil, ao contrário, se prende quem rouba uma bala e se solta quem rouba milhões. Os roubadores oficiais não se conformam em roubar só para a própria geração, mas sim para os netos, bisnetos e tataranetos. São sempre milhões, bilhões de reais, dólares ou euros. Fico imaginando como se sentiria um desses executivos, bem vestidos, de terno e gravata, recebendo uma quentinha atrás das grades, junto àquela galera sinistra, e sem ar condicionado, com todo esse calor. Confesso que fico com pena dessas almas tão pobres que precisam ter seis carros na garagem, uma dúzia de celulares, várias residências e várias amantes também. Essas formam a parte mais perigosa. Na primeira separação são as primeiras a denunciar todas as falcatruas de seus amores. Será que esses seres se arrependem ou apenas esperam que algum juiz seja comprado para que eles possam voltar a trabalhar?