Crônica de um poeta(sobre os poetas)
Sábado, 02 de junho de 2007, 02h11min.
Fui ao Aurélio buscar sabedoria para compor esta crônica. O leitor bem sabe que para os mais exigentes a ignorância é um monstro com que se convive, mas não se deixa à mostra, por isso não prosseguirei com essa ladainha...
Dizem que os poetas, que nasceram “gauche na vida”, são gênios ou dizem que os poetas que nasceram “gauche na vida” são gênios?
Ao cruzarmos com dois homens distintos na rua, qual deles seria o poeta?O musculoso de topete e gel no cabelo ou o desajeitado de roupas largas e óculos espessos?
O poeta não se projeta a si mesmo como tal, mas ele o é de fato. Não tem escolha, livre arbítrio. Vive em dois mundos paralelos, tão reais quanto ele próprio, que às vezes se sobrepõem, se fundem e se confundem. Há na poesia um Q de loucura como há no poeta um Q de louco. O poeta é um ser egoísta e cheio de faces. Confuso, crítico, inquieto e incansável. Uma colcha de retalhos. Um mosaico de sonhos, fantasias e medos. Uma nota dissonante, um filme hermético, um olhar distante e amplo, aberto.
Como bem canta um poeta pernambucano: ”é coisa de poeta navegar na contra mão”... E a pretensão do poeta, caro leitor, é o artifício que lhe cabe para vencer a mesquinhez dessa vida e deixar de ser ou esquecer por um momento que ele é só mais um homem...
Danillo José Silva Melo