JESUS CRISTO
Luciana Carrero
Os pregadores simplificam, quando dizem que Jesus Cristo morreu para nos salvar. Na verdade o que veio para salvar foi sua filosofia humanista, democrática e revolucionária. Morrer na cruz deve-se ao fato de ter sido considerado um marginal, pelos poderosos. Era, para eles, um perigo, já que arregimentava multidões. As próprias multidões gritaram: Soltem Barrabás. Crucifiquem o Nazareno. Isto porque toda a multidão é uma entidade que leva a caminhos escusos, muitas vezes, porque as multidões não pensam. A consciência coletiva tende a ser maléfica, comparecendo com grande assiduidade em atos bárbaros. Trocar um ladrão por um justo é coisa bem atual. O julgamento de um humano deve ser individual e não ditado em termos comparativos entre uma e outra pessoa. E nem se deve dar o poder de decidir aos néscios, cuja unanimidade é burra. Cristo não resistiu, entretanto, à vaidade, quando transformou sua filosofia em egrégora? - "Pedro, tu és pedra; e sobre esta pedra edificarei minha igreja. - Ou talvez estivesse só querendo se legalizar?, criando uma ONG pioneira no mundo. Com isto abriu espaço para que um povo chamado de "Landros", tomasse conta da doutrina cristã e a transformasse numa multinacional poderosa e duvidosa, após sua morte, porque todos os seus discípulos ou pelo menos os principais, morreram na cruz. Os Landros, que vieram de outra galáxia, tomaram seus lugares e criaram a suntuosidade sobre a doutrina do "filho de Deus" e implantaram o maior marketing do mundo: o sino. Apresentaram Jesus numa piedosa imagem, para emocionar multidões (novamente as multidões). Esta justiça da época de Cristo era tendenciosa e os oportunistas estavam sempre de plantão para apoderarem-se de tudo onde havia possibilidade de dominação. O mundo não mudou muito, de Cristo para cá.