ÁGUA, UM NOVO PETRÓLEO

Por Dilso José dos Santos

Quando crianças, não era raro ouvirmos alguém profetizando: “a água será o petróleo do futuro!” Hoje, em concordância com essas ‘futurações’, ligo a televisão, e pronto: racionamento. A situação parece crítica, principalmente em São Paulo, já que não tem chovido e, assim, o Sistema Cantareira não está conseguindo alcançar o volume necessário para suprir a demanda que abastece 6, 2 milhões de pessoas na zona norte, oeste, central e sul da capital paulista. Sim, parece que a profecia está se cumprindo. Tanto que, segundo observei em alguns jornais, cada caminhão pipa, que a pouco custava por volta de R$ 300, 00, neste momento duplicou. Sobe o número de pedidos por conta da seca, eleva-se o valor do produto. Parece que a água que antes brotava abundante e gratuita da terra, agora virou artigo de luxo. “Por favor, uma porção de caviar, nozes, camarão e um copo d’água!” É, meus amigos, não estamos longe disso.

Pois bem. Sabemos/sentimos que a água não foi a única a aumentar de valor. Com as hidrelétricas funcionando em média capacidade, a luz também aumentou. Isso e também, é claro, a “desacontecência” daquele projeto, o “Luz para todos”, lembram? Aí é que está! Antes, as empresas com a desculpa de incentivo, e algumas pessoas, ditas, sem condições (há muita fraude nisso) podiam até esquecer as luzes acessas, pois não pagavam quase nada pela energia. Hoje, adivinhem para quem foi a conta?

Neste ano, como naturalmente a reeleição já aconteceu, não há mais motivos para tanta preocupação – pelo menos não com o “social” –, sendo assim, a conta caiu mais gorda em nosso bolso, tal um como elefante branco. E nem vou falar do combustível. Triste. E eu que quase voltei a acreditar em contos de fada!

Pelos noticiários, sinto que estamos nos afogando pela pouca água – e dizem que o planeta, assim como nós, é 70% líquido. Ai ai ai! Se a água é o sangue da Terra, acho que ela ainda vai precisar de transfusão. Não há soro que resolva tanta depredação. Óbvio que as chuvas não abastecem como antes, mas acreditem, talvez a seca não seja nada comparada ao que já fizemos. Quem dera a Terra voltasse a sangrar. Se não fossem esses Vampiros sugadores... Nós mesmos estragamos aqui; os governantes, por sua vez, estragam de lá. Que tolice. Onde isso vai parar?

Enfim, ando falando muito. Estou com a garganta seca, já. Uma pena. Tenho medo de abrir a torneira e encontrar somente o ronco de algum cano velho e poeirento. Estamos quase chegando ao deserto pela falta de vontade política e cidadã.

Temo que amanhã a mãe Terra não tenha mais leite nos seios para nos dar...

Dilso Santos
Enviado por Dilso Santos em 07/02/2015
Reeditado em 10/02/2015
Código do texto: T5128706
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