Páginas em Branco

Comumente, escuto dizerem: - " A vida não tem nenhum sentido". Após alguma reflexão, constatei que o sentido da vida, talvez esteja justamente na falta de sentido. Complicado?

Ponderemos um livro cujas páginas estão em branco. Sem sermos capazes de lê-lo, escrevemos o que desejamos, passando de leitor a autor. A vida ao se apresentar com lacunas, nos permite liberdade de criação e interpretação, sentindo e pensando de acordo com o universo íntimo que trazemos. Nos tirando do papel de telespectador passivo para ator atuante do roteiro que escolhemos.

Tal sentença também é proferida como uma frustração frente o inevitável, uma negação diante das dores e da morte. Neste caso, o imprevisível, nos leva a contornar a nossa previsibilidade nas ações. Através do que não podemos evitar, conduzimos nossas escolhas, nos adaptando e modificando. Exercitando a flexibilidade, a capacidade do desapego e da necessidade de controlar.

Assim como a pedra bruta diante do buril, que remove os excessos e revela a escultura. Encontramos na imprevisibilidade, não uma fatalidade, mas um fator que nos leva a ressignificar a vida.

Há quem a partir de uma mancha em um papel, pare de escrever. Há quem tome partido desta mancha no contexto que escreve. Há ainda quem simplesmente cubra a mancha e ignorando, prossiga o que havia começado anteriormente.

Um papel em branco não é uma folha vazia, mas um caminho de infinitas possibilidades e descobertas. Conforme escrevemos, nos encontramos. O único vazio que podemos ter é a forma como olhamos para algum lugar.

Fernando Paz
Enviado por Fernando Paz em 06/02/2015
Código do texto: T5127432
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