Amor ?...
Fiquei impressionada. Achava que ficar impressionada com as histórias que ouvia era uma questão de ser jovem, de não ter visto nem ouvido quase nada na vida. Ledo engano. Quanto mais ouço, mais impressionada fico. Ao contrário do esperado meus ouvidos não ficaram calejados com o tempo, nem minha pele mais áspera pelo atrito. Em mim o atrito torna-a mais fina e, às vezes, fico assim como que ardida, queimada pelo sol, hipersensível.
Domingo, andando pela praia de Itacoatiara ouvi uma história impressionante sobre o Costão. Um casal de namorados resolveu subir o morro de 217 metros de altura, sem guia, sem maiores preparos. Provavelmente, depois de algumas horas de praia, deitados na areia, olharam a pedra e decidiram subir. Nada demais, se antes de chegar ao topo o rapaz não escorregasse e caísse pedra abaixo, parando em um platô. Todo quebrado gritava de dor, desesperado pelo susto, pelas dores, por quase ter morrido, assim, sem mais nem menos. A namorada vendo que ele tinha sobrevivido, sem saber o que fazer, não conseguiu deixá-lo sozinho para buscar ajuda, preferiu se jogar para ficar com ele e, se fosse o caso, morrerem juntos. Pausa dramática, para minha cara de espanto.
Os dois foram resgatados por bombeiros horas depois. Ironicamente, o namoro acabou antes mesmo que ela se livrasse do gesso da perna que ganhou depois da mal fadada queda. Guardada as devidas proporções, uma vez que eu não estava lá para saber exatamente o que aconteceu, pergunto: Até onde vai o amor doentio de algumas pessoas?
Mulheres e homens que amam demais e que colocam sua própria vida, saúde mental e física em risco para “salvar” o outro de algo que elas não podem ou não conseguem salvar. Lamento, mas isso para mim não é amor, isso para mim é outra coisa.