Mais um texto para Catarina

- Você é uma contista ou uma cronista?

- Nunca fui nem uma coisa nem outra. Mas de qualquer modo, penso que estou falindo!

- Vai, "cronta" uma história ...

Talvez eu devesse mesmo sair de cena enquanto ainda há aplausos. Mas não me sinto bem com cada argumento novo acompanhado do “boa noite” ao final do dia, que o dia me dá. É um boa noite retórico, então basta exercer. Eu, que gosto de me expressar ainda que não oralmente, tenho me encontrado muda no meio dos argumentos. Mas me lembrei de um texto repleto de ‘delicadeza’ que li na internet no final do ano, e ele falava sobre Catarina, uma menina cheia de compaixão e que queria ser “escrevista”. Isso mesmo: ESCREVISTA. E na definição dela, escrevista é quem escreve para ler. Ou seja, não para ser lido. Catarina que sabia bem, mesmo sem querer, que para não deixar de existir era preciso se contar. Ser escrevista. Eu lembrei de Catarina quando por brincadeira me disseram “conta uma história”. E de fato foi uma brincadeira, afinal a conversa saiu num momento de descontração, mas o que meus amigos talvez não saibam, é a provocação saborosa que certas conversas causam nos cérebros de quem gosta de escrever. Ser cronista, contista, escritor em geral já não é fácil... ser escrevista, tampouco. Mas eu, que sei que o meu lugar no mundo talvez não seja o das letras, pois escrevo apenas por gosto, não vou considerar falta de bom senso narrar os meus próprios dias nem que seja pra eu mesma ler depois e me sentir existindo para além das súplicas nas selfies das redes sociais. Catarina mal sabe o quão pensadora ela é, e eu vou ficar aqui torcendo pra que quando ela crescer, se lembre disso com a mesma lucidez e compaixão. E que meus amigos saibam o quanto são inspiração.

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 05/02/2015
Reeditado em 05/02/2015
Código do texto: T5126680
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