Bloco na Rua do Ariú
Por Carlos Sena


Meu bloco tá na rua pra quem quiser ver. Tem dias que tô de púrpura, outros de purpurina. Noutros sou pierrô e no seguinte, colombina. Sou o que lança o perfume e o que balança a rolha. Sou Lili sem dona e sem redoma. Sou Ao Meu e Ao Seu Sem Valença. Sou o créu e a crença. Sou o cachorro do homem sem miúdo e faço do entrudo motivos de sobra para lavar a alma enfadada de solidão. Sou o cão sem livro e a libido do satanás correndo atrás de Catirina que se separou de Mateus. Sou o raio da cilibrina - aquele que come e que cata a Menina feia da rua do Ariú... Sou, no carnaval a rima rica dos "is" que me chama para um café em Paris. Prefiro a rima pobre do sapo cururu. Porque tem dias na vida que é melhor mandar gente safada tomar... Como é carnaval, tomar no cu. E salve a Rua do Ariú, lá nas bandas da minha terra...