De passagem

De passagem, venho falar-te da gralha

banhando-se

no fumo do teu cigarro

espanejando-se e saindo do teu cinzeiro abandonado

livre rebrilhando de negro azul qual fénix

para sair procurando seus pequenos cacos e nicos e ticos nadas

brilhos rebrilhos de azuis

usando ao inverso de ti e de mim

o mau para o bem

venho falar-te

da simples grandeza que existe na simplicidade

venho pedir-te. observa

há várias gerações que garça real pratica

na rã cirurgia genética

venho contar-te

de que tanto o gato doméstico se droga

na erva dos gatos que cresce espontânea no teu jardim

como o jaguar na trepadeira Iaga e livres prosperam

escondidos nas florestas da América do sul

enquanto os homens deixarem

em aparente contraste

venho falar-te

das renas

que escavam as neves espessas

em busca do cogumelo pintado de vermelho e branco

venho falar-te do povo sami

que vive na pré história em cadeia com a rena

e usa a sua urina para ter a ilusão que voa

tu fazes a festa do pai natal

qual de vos brinca de acreditar no quê?!

venho falar-te do lémur

embriagando-se na natureza

venho dizer-te que o pássaro do mel se alimenta mas nunca destrói a colmeia

venho pedir-te que acordes

sê és muito mais que uma besta humana

nota como todo o infinito se toca

pára e pensa!

Com infinito amor e carinho

4 /1/2003

Lisboa (almada) Portugal