Você me conhece?
"Você me conhece?"
Esta é a pergunta que nos faz auto erguer quando não há mais argumentos. A pergunta válvula de escape que nos faz sentir donos da verdade absoluta. As grandes e irrefutáveis palmatórias do mundo.
Você, por acaso, me conhece?
Agora tem mais ênfase, um grande, belo e empáfio aposto. Pausa para o drama onde do ápice de nossos calcanhares em riste lançamos aquele olhar de cima a baixo ou de baixo à cima (dependendo do nível de indignação).
"Ora faça-me o favor"
Pronto, aí você já está total e completamente sem defesa e todas as acusações feitas que "constam nos autos" são verdadeiras e o jeito agora é dar aquela famosa "rabissaca" (verbete que consta no dicionário da minha terra como giro de cabeça 180° para o lado oposto do "inimigo" em sinal de desdém) achando você que está por cima da carne seca deixando outrem a ver navios.
Faça-me o favor digo eu, desça do seu pedestal de mármore e encare os fatos. Somos todos iguais: nascemos, crescemos, envelhecemos independentemente do nível de amadurecimento que uns nunca alcançam e morremos. Defecamos nos mesmos buracos e excretamos o que nosso corpo rejeita. E o que nosso corpo rejeita vai para o solo que é de onde tiramos o alimento que nos sustenta até o dia em que caímos mortos e esta mesma terra nos recebe como excremento de uma vida que não mais nos quer, apesar de nós a querermos eternamente.
Entenda que são as escolhas que nos levam a ser melhores ou piores do que nossos "eus". Porque não precisamos nos comparar a outrem. Nosso grande inimigo é o próprio ego. Domine o seu e não o do próximo. E depois encare a si mesmo no espelho com a seguinte pergunta:
Você SE conhece?