O rumo da história

Quando ainda criança, comecei a ver as barbaridades que o ser humano é capaz de cometer, no meu pensamento infantil eu acreditava que estávamos caminhando para o apocalipse do qual falavam os mais velhos. Sempre que eu via ou ouvia algo sobre filhos que matavam os pais ou vice versa, as guerras daquela época, os condenados do tráfico, a fome em grandes partes do globo, o desrespeito à vida em todas as formas e outras barbáries, a associação com o fim dos tempos era automática, pois, se os mais velhos, tão entendidos do livro sagrado dos cristãos assim profetizavam, isso pra mim virava verdade absoluta.

Com o passar dos anos e o interesse por história aumentando, descobri por fim que o mundo na verdade, desde que habitado por ser humano, é um lixo. Não o mundo em si, e sim a humanidade e sua capacidade de fazer do mundo um pesadelo para muitos.

As coisas que temos hoje de mais odiosas, das quais posso destacar uma que figura nos noticiários internacionais, que são as ações do Estado Islâmico, nada mais é do que repetições da história em novos contextos. O que hoje nos assombra, assombrou nossos antepassados ontem e ao longo dos séculos desde que o mundo é mundo. Você talvez não tenha lido sobre como o imperador Nero fazia de vela os cristãos que capturava, amarrando-os em estacas de madeira, cobrindo-os com cera inflamável, ateando fogo para que servissem de iluminação para o jardim de seu palácio. Talvez você nunca tenha ouvido falar do Imperador Calígula, que, dentre outras tantas crueldades, ordenou que incontáveis detentos fossem trucidados para servirem de rações para animais simplesmente para diminuir os custos de manutenção dos presídios. Talvez você não tenha ouvido, mas são fatos. Podemos falar da tão terrível inquisição da igreja católica na idade média, que em nome de um Deus, perseguia, torturava, trucidava, enforcava, queimava, empalava qual quer ser humano que ousasse parecer herege, termo que usavam para designar gays, ateus, pessoas que conheciam o poder de cura das plantas, pensadores e afins, foi por pouco que Galileu Galilei escapou da fogueira por afirmar que a terra era redonda. A mesma sorte não teve Giordano Bruno. Cientista condenado à morte pela santa inquisição. Podemos falar de algo mais atual como Stalin e seu sonho de matar de fome toda a Ucrânia, podemos falar da razão estúpida da guerra do golfo, podemos falar do holocausto promovido por Heinrich Himmler e Adolf Hitler, quando milhões de judeus foram executados em campos de concentração por serem de uma raça inferior. Se você notou o fanatismo religioso e o desrespeito às diferenças como pano de fundo da maioria das causas, mera coincidência. Ou será que não?

Eu poderia escrever uma lista imensa de insanidades cometidas pelo homem ao longo dos séculos apenas com o pouco que conheço de forma superficial, mesmo assim, muitos não se convenceriam de que a própria humanidade é o mal do mundo. Muitos colocariam a culpa no demônio. Seria o demônio pior que nós?

O que quero expor com essas linhas é como meu pensamento mudou quando eu conheci um pouco de história, não penso mais que mundo está perdido agora, ele sempre esteve. Sempre existiram os que agem como se fossem os donos da verdade, os donos do mundo e donos da vida de outros, desde a aurora dos tempos... Lentamente, o mundo começa hoje a cobrar a conta parcelada. Pense por você, eu não vou explicar.

Me intriga o fato de saber que também somos capaz de coisas maravilhosas, essa lista seria impossível de relatar. Evoluímos em tantos aspectos, tantas doenças foram curadas, tratadas, controladas e até mesmo erradicadas, mas, a doença do ódio, do fanatismo, da ganância e do desrespeito às diferenças, essas não foram se quer estudadas para um possível tratamento. Enquanto essas não forem extintas das almas humanas, o homem continuará sendo o homem, senhor do próprio sofrimento, e o rumo da estória será sempre repetições da história.

Paulinho Souza
Enviado por Paulinho Souza em 03/02/2015
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