Meu Reino Encantado

A poeira vermelha entranhando os dedos dos pés, intercalada com o ranger da porteira.

Adentro ao meu casebre de barro…

A sala de chão batido, com uma mesa ao centro. Suas cadeiras em volta, um convite para sentar e “Prosear”. Ao lado, a pequena “cristaleira” preservando alguns utensílios.

Na cozinha, o fogão de lenha inspira um bom café ao visitante. Uma galinhada no almoço para selar uma boa amizade.

No quarto duas camas de colchão de palha, prontos para descansar o corpo de quem passou o dia na lida.

E no quintal….Ah! O quintal! Resumidamente um sítio. Vasto! Florido! Com seu pomar rico em especiarias, dando água na boca ao passar por cada árvore frutífera daquele lugar.

E lá no fundo, bem distante das demais, está a minha mangueira. A maior! A mais bela!

Seus troncos são bancos confidentes desta criança tão cheia de sonhos…

Subo no galho mais alto, saboreio sua fruta e fico a pensar no futuro. Dos pensamentos saem algumas canções. As que já ouvi e as que inventei pra passar o tempo. Tempo esse quem dera ser infinito!

Deslizo pelos galhos, não sinto os arranhões. Tenho tanta coisa ainda para sentir na vida!

Caminho pela poeira vermelha que o vento faz dançar pelo ar. Ao longe já avisto o bambuzal onde quero me esconder. Passar um por um e por algum instante se tornar invisível!

Brinco. Apareço. Desapareço. O tempo passa rápido demais e a noite começa a chegar.

Volto ao casebre, o fogão de lenha assanha a fome que já existia. Ainda tem galinhada!

Fome saciada, o sono vem. O colchão de palha já está preparado. O corpo se ajeita cansado e o sono logo vem. Adormeço feliz nesse reino que é só meu…

Acordo, assustada, o galo não cantou! Ouvi apenas um som diferente vindo de um aparelho desconhecido.

Pego-o na mão. Vou perguntar ao meu pai o que é isso?

Pai!! Pai???

Acho que ele já foi trabalhar, não está´mais aqui! Mas espere….onde estou?

Não!!! Era um sonho! Reflexo da minha infância. O peito dói. A saudade transborda.

Meu Reino Encantado não existe mais…De lá somente as boas e eternas lembranças. De um tempo bom que não volta mais….

Viviane Alves
Enviado por Viviane Alves em 03/02/2015
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