Férias sem biblioteca
Durante as férias de final e inicio de ano, a Biblioteca Pública Municipal de minha cidade ficou fechada por quase 30 dias.
No dia de sua reabertura, diversos leitores (inclusive esse narrador) ali se encontravam para devolver os livros que haviam retirados para aproveitar o período e se percebeu que o gosto pela leitura não anda assim tão fora de moda como anunciam.
Uma senhora entre seus 45, 50 anos devolveu três exemplares de Sidney Sheldon; não deu para ver os títulos, mas isso pouca diferença faz, já que o autor norte-americano utilizava sempre os mesmos argumentos: luxúria, sexo, traições e um ou dois assassinatos. Isso quer dizer que esse tipo de leitura que fez a cabeça de milhões de senhoras até a década de 90, continua fazendo. Ou quem sabe uma releitura...
Duas garotas traziam embaixo do braço, assim como que para esconder, dois exemplares de Cinquenta Tons de Cinza, aliás, o que deu para ver mesmo era Cinquenta Tons, a palavra complementar ficou tapada pelas mãos. Provavelmente não eram os mesmos títulos. Sabe como é: você pega um, eu pego outro e depois trocamos.
Em conversa informal com a bibliotecária, a mesma informou que o xodó do momento, e nem poderia ser diferente, é A Culpa é das Estrelas, de John Green, recém adquirido pela biblioteca. Mas esse ela reservou para ela por sugestão de sua filha, que adorou. Ela, nem tanto. “A juventude hoje gosta de ler qualquer coisa de Harry Potter. È uma febre. Acho que dessa vez não ficou nenhum”, revelou-me.
Quase uma hora depois, enquanto esse escriba escolhia alguma coisa já se prevenindo contra o BBB, deu para notar um senhor e, pela mesma cor da pele - seu filho, já com suas respectivas escolhas. O menino, que não devia ter mais de 16 anos havia escolhido 1822, de Laurentino Gomes, enquanto o mais velho optara por Minha Vida de Charlie Chaplin. Antagônico? Sim. E daí?
Alguém já escreveu que cada vez que entra em uma biblioteca lhe dá vontade de chorar. Chorar por não ter tempo de ler tudo o que ali tem.
E comentei com meus botões: não dá para ler tudo... Concordo. Mas pelo menos um pouco, ah, isso dá.
E quanto as diferentes preferências literárias, lembrei da colocação de um amigo: Sabe Deus quantas mulheres o Sidney Sheldon incentivou na leitura de outros temas, outros autores...
Concorda?