O Cúmulo do Sensacionalismo
Essa história me foi contada por uma amiga e é, seguramente, a maior história sobre sensacionalismo de que tive notícia. Por ser uma história verdadeira é possível que você já a conheça, ou mesmo tenha, como minha amiga, assistido ao vivo. Seja como for é preciso eternizar tal episódio a fim de que possamos manter, não somente "a espinha ereta, a mente aberta e o coração tranqüilo", mas o entendimento atento, reflexivo, para que não nos venham querer "plantar" idéias e ideais.
A história aconteceu em um conhecido programa jornalístico. Um desses repletos de reportagens apelativas nos quais se levantam suspeitas sobre qualquer um para dar mais "sabor" ao que, na verdade é apenas uma história trivial. Existem muitos programas na televisão com essa tônica, não é mesmo? Por isso fica fácil não revelar qual deles foi, assim como é simples também, manter o anonimato do apresentador que protagonizou a história que me ponho a lhes contar. Posso dizer apenas que (como todos eles) ele fala muito alto, agressivamente é implacável em suas reportagens. Não se cansa de afirmar e reafirmar que não perdoa bandido. Desafia qualquer um que julgue culpado.
A reportagem era em um hospital público e tratava sobre, se não me engano, a violência contra a criança. Nosso apelativo apresentador, em dado momento, aproximou-se de uma menininha que tinha profundas e assustadoras marcas no rostinho. Parecia muito ruim mesmo. Ela estava acompanhada do pai, que procurava acalentá-la. O apresentador então, perguntou ao pai quem era o responsável pela situação da menina. O pai, pessoa humilde, respondeu que foi o "Seu Domonas". O apresentador nesse momento "tomou as dores" da família da menina. Iniciou seu conhecido discurso desafiador em relação ao culpado e repetia enfaticamente: " Vem fazer comigo, Seu Domonas! Vem! Você não é valente para fazer isso com uma pobre menininha? Vem fazer comigo, pra você ver só uma coisa!" Estranho mesmo estava o pai, com uma cara bastante assustada, vendo o espetáculo armado.
Minha amiga e seu namorado rolavam pela sala da casa de tanto rir, não conseguiam parar. Eles estavam ali esperando uma amiga que se arrumava para, juntos, saírem. Não conseguiam nem falar nada. Mas eram observados com ar reprovador por uma senhora, que era quem de fato estava assistindo a TV. Eles rindo e ela olhando muito zangada. Até que ela não mais agüentou e falou: "Mas vocês estão rindo de quê?! Ele está certo, sabiam? Onde já se viu esse seu Domonas fazer uma malvadeza dessas com uma menina tão pequenina! Parem já de rir!" Aí é que eles riam mais e o homem, o pai da menina, na televisão, cada vez mais perplexo com o apresentador que continuava desafiando o tal seu Domonas.
Em um dado momento a "apresentador-atordefilmetrash" resolveu perguntar ao pai da menina quem era o Domonas. E a resposta pôs fim ao conflito na casa de minha amiga, ao mesmo tempo que acabou com o programa nesse dia. Em resposta ao apresentador o pai exitante e assustado respondeu, meio de soslaio: "É uma bactera, seu moço!"
O Apresentador tinha desafiado, chamado para o pau, ninguém menos do que uma colônia inteira de "pseudomonas aeruginosa"! Bactérias!
O cúmulo do sensacionalismo.