DO MEDO
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Medo, quem não tem? Tantas fobias, tantas síndromes. Medo do abismo. Medo de cair. Medo da depressão. Medo de ser agredido, de ser assaltado. Medo do trânsito. Medo de testemunhar, de denunciar. Medo de defender, de acusar, de julgar. Medo de avalizar. Medo de ficar devendo. Medo dos juros. Medo de fiar-se, de ser fiador; de não ter, de perder. Medo de engravidar, de engravidar-se. Medo de morrer, de perder entes queridos. Medo de adoecer, de envelhecer. Medo, sim, de desligar a novela e cair na real. Medo de viver, de conviver. Medo dos exames, dos custos, do desemprego. Medo do governo, da inflação, do fisco, do confisco. Medo de assombração. Medo de decidir. Medo das bruxas (“que las hay...”). Medo do além. Medo da poluição, da falta d’água. Medo de não ser amado. Medo da guerra, da injustiça, da dominação. Medo da fome. Medo do imprevisto, das intempéries; medo de si mesmo. Medo da crise, medo da crítica. Medo do novo, medo de abrir o anexo. Medo da máquina, do vírus, dos hackers. Medo do tráfego, medo do tráfico. Medo do insucesso. Medo da multidão, do escuro, da solidão. Medo do inseguro, dos fantasmas da própria consciência, do encapuzado. Medo de voar, do sequestro, do esperto. Medo do medo, do arremedo, do anonimato, da fama. Medo da impotência, da esterilidade, da fecundidade. Medo da traição, da calúnia, da difamação. Medo do bandido, medo do inimigo que o medo cria. Medo de caducar. Medo da prolixidade, da concisão, do silêncio. Medo do passado, do presente, do futuro. Medo passado, presente, futuro. Medo da dor, medo das dores do mundo. Medo do nada. Medo do vazio. Medo do desafio. Medo da recessão, da droga, do alcoolismo, do tabagismo, do efeito estufa, do preconceito, da discriminação, do terrorismo, do homem-bomba, da corrupção. Medo do chefe. Medo dos donos da verdade. O salmista, contudo, não descrê de tudo nem corre de tudo, pois, para ele, “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria”.