A Monarquia é um Luxo!
 
Tornou-se público pelo grupo da cidade na rede social que o Imperador e a Princesa estiveram por estas bandas.
 
O jornal da época noticiava que Vossas Majestades almoçaram aqui, visitaram a escola e o asilo tal e tal. Foram ao santuário e entregaram ao líder religioso a quantia tanta para a distribuição da soma aos pobres.
 
Luxos e graças soberanos!
 
Antes desta publicação o alarido provocado de tempos em tempos, já na República, era que a municipalidade recebera do governo imperial o título de nobreza: “Cidade Nobre e Leal”.
 
Na prática nada disto trouxe de benefício para os cidadãos de hoje ou os súditos de ontem a não ser para a pompa das oligarquias: Coronéis da Guarda Nacional que vivem de glórias passadas e que atravancam o desenvolvimento do presente. E com isto a população pouco percebe, se é que percebe, que outros sítios urbanos vizinhos evoluíram haja vista que:
a)São João que era do Rei não se deixou seduzir pela posse monárquica: pretendia ser a capital da República que idealizaram; possui Universidade pública federal e a vida cultural chama a atenção nacional;
b)até a pequena Tiradentes, cujo personagem histórico que lhe dera o nome, amaldiçoado pela monarquia, é hoje polo de acontecimentos culturais e artísticos – Enquanto isto a Barba-que-acena para o passado está estacionada: a verba que veio para o seu teatro sumiu e a sua pequena universidade é particular, onde se forma fiéis políticos à moda antiga – pelas Barbas do Imperador!;
c)Juiz que é de Fora há muito está vivendo à frente na contemporaneidade – Enquanto a “Nobre e Leal” não passa de província fiel ao  passado não deixando vir estruturas produtoras de desenvolvimento por ser ainda cidade de veraneio dos classudos.
 
A chamada também “Princesa dos Campos” sonha com os vestidos rodados segundo aqueles que se usaram no último baile da monarquia na Ilha Fiscal e com os cavalheiros metidos à casaca – esta é a mentalidade da cidade!
 
Os tempos são outros!
 
Veio a República e trouxe os herdeiros da Guerra do Paraguai; a elite herdeira dos cafezais e dos currais leiteiros; os generais do Exército... A República traz agora o povo – não no sentido demagógico, mas o trabalhador: aquele que quer inclusão, igualdade étnica e religiosa; ascensão profissional e oportunidade de ensino e pesquisa universitários.
 
De que adianta a pompa de autoridades, esmolas eclesiásticas e títulos de papéis se isto só privilegia os caudilhos, dão exclusividade aos seus protegidos e marginalizam aqueles que potencialmente representam a força produtora – os trabalhadores.
 
Toda forma e sistema de governo elitista é um Lixo Social!


Leonardo Lisbôa,

Barbacena, 28/01/2014.

 
Curiosidades absurdas sobre a Monarquia Brasileira (1822 – 1889) sustentada pela população não só com impostos para o seu luxo, mas com a exploração do trabalho extraídas da obra de DOZER, D.M. América Latina: uma perspectiva histórica; Ed Globo, 2ªed. 1974:
 
a)...”a nobreza... em 1883 compreendia 1 duque, 5 condes, 39 viscondes e 268 barões” (p.373);
b)Até santo recebia pensão paga pelos súditos, vejamos: “Santo Antônio, que vivera no século XI e que era objeto de especial veneração dos brasileiros devotos, foi nomeado tenente-coronel do Exército Nacional com um soldo pago mensalmente pelo erário público ao seu mosteiro da capital do País.” (p.374);
c)”O governo era monopolizado pela classe superior...era vaidosa, enfatuada e não refletia realmente o pensar da maioria numérica da nação nem acompanhava as correntes intelectuais da época. Sobre o governo do Brasil a nascente classe média e a numerosa classe trabalhadora não podiam exercer a menor influência política. Sob Dom Pedro II ampliaram-se consideravelmente as oportunidades de educação para as classes dominantes, mas a instrução primária e secundária foi...esquecida... Continuava a campear o analfabetismo... e o comércio, os bancos, as estradas de ferro e as empresas mineradoras do país eram em grande parte controlada por estrangeiros.” (322-323).
 
Leonardo Lisbôa
Enviado por Leonardo Lisbôa em 30/01/2015
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